Dólar tem leve queda após disparada da véspera

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar caía modestamente frente ao real logo após a abertura desta quarta-feira (14), com investidores pausando movimento de fuga para a segurança visto na véspera, depois de dados mostrarem alta inesperada nos preços ao consumidor dos Estados Unidos, enquanto aguardavam mais números de inflação da maior economia do mundo, desta vez ao produtor.

A leitura de agosto dos preços ao produtor norte-americano será divulgada às 9h30 (de Brasília).

Às 9h07 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,29%, a R$ 5,1752 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,15%, a R$ 5,2000.

Mercados de ações desabaram nesta terça-feira (13) após os Estados Unidos divulgarem ainda pela manhã que a inflação no país subiu 0,1% em agosto em relação a julho. No acumulado em 12 meses, a alta dos preços ficou em 8,3%.

Esperava-se amplamente que o CPI, sigla em inglês para índice de preços ao consumidor, mostrasse deflação. A agência Bloomberg projetava taxa negativa de 0,1% no mês e, no acumulado em 12 meses, apontava que o índice cairia de 8,5% para 8,1%.

Dado que melhor demonstra a persistência da alta de preços nos EUA, o núcleo da inflação de agosto, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 0,6% e passou a acumular um avanço de 6,3% em relação aos 5,9% registrados em julho.

Em Nova York, o indicador parâmetro S&P 500 desmoronou 4,32% e o Nasdaq, que concentra empresas que dependem mais de crédito barato para crescer, afundou 5,16%. O Dow Jones, que reúne 30 grandes empresas americanas, mergulhou 3,94%. Os três índices tiveram o pior dia desde junho de 2020.

A Bolsa de Valores brasileira caiu 2,30%, com o índice Ibovespa recuando aos 110.793 pontos.

No câmbio do Brasil, o dólar saltou 1,80%, cotado a R$ 5,1890. Mais cedo, chegou perto dos R$ 5,21. A moeda americana também apresentou forte alta em relação às principais divisas.

Os rumos da inflação americana são essenciais para a formação dos preços ao consumidor e dos juros também no Brasil. Isso vai além da pressão inflacionária exercida pela alta da taxa de câmbio sobre os valores de matérias-primas cotadas em dólar e das importações.

O custo do crédito no Brasil depende da taxa nos Estados Unidos. Para atrair e manter investimentos por aqui, o país precisa que seus títulos soberanos ofereçam juros suficientemente altos para compensar instabilidades políticas e econômicas.

Os juros americanos estão atualmente na casa dos 2,5%. No Brasil, a taxa básica Selic está em 13,75% ao ano.

Sem a redução esperada no CPI, o mercado passa a esperar que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) continue a aumentar com rapidez os juros no país.

Aumentar juros é uma medida adotada por bancos centrais para segurar a inflação. O crédito mais caro reduz a circulação de dinheiro, e os preços tendem a cair. Um efeito colateral é o aumento do desemprego. Nos Estados Unidos, porém, há quase duas vagas abertas para cada pessoa à procura de trabalho.

Na próxima quarta-feira (21), o Fed deverá divulgar um novo aumento da sua taxa de juros. O mercado esperava uma elevação entre 0,50 e 0,75 ponto percentual. Mas após a surpresa com a inflação de agosto, analistas consideram até mesmo um aumento de 1 ponto percentual.

Na semana passada, Jerome Powell, presidente do Fed, disse que os Estados Unidos devem continuar a agir energicamente para reduzir a demanda e conter a pressão sobre os preços para evitar um pico de inflação como o observado nas décadas de 1970 e 1980.

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