SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com aumento da tensão em torno da pandemia de Covid-19, o dólar voltou a subir ante o real, que teve o pior desempenho dentre pares emergentes no primeiro pregão de 2021.
A moeda americana fechou nesta segunda-feira (4) em alta de 1,56%, a R$ 5,2700, maior valor desde 30 de novembro. O dólar turismo está a R$ 5,4430.
A valorização percentual desta segunda foi a maior desde 14 de dezembro passado, quando a divisa saltou 1,57%.
O comentário nas mesas de operações é que um grande banco estrangeiro dominou os negócios nesta sessão e puxou as compras de dólares. Pelo cronograma de vencimentos de títulos do Tesouro, pouco mais de R$ 104 bilhões de NTN-Fs (títulos do tesouro prefixados) venceram no começo do mês – a NTN-F é um papel com tradicional demanda de investidores internacionais.
A virada do dólar ocorreu em sintonia com o fortalecimento da moeda no exterior, ao mesmo tempo em que as Bolsas de Valores abandonaram as pontuações recordes alcançadas mais cedo e passaram a cair.
O Morgan Stanley alertou, em relatório, que a relação risco/retorno de comprar ações americanas se deteriorou e que o mercado está pronto para uma correção de baixa.
Além disso, o salto em casos de Covid-19 também desperta preocupações, pois pode impactar a recuperação econômica. Nesta segunda, a Inglaterra decretou confinamento, incluindo o fechamento das escolas, após recorde no número de novos casos de coronavírus no Reino Unido.
Outro ponto de tensão é o resultado do segundo turno das eleições no estado americano da Geórgia, que pode definir a maioria no Senado do país, hoje na mão de republicanos.
“A agenda do presidente eleito Biden, incluindo estímulos e gastos com infraestrutura depende das disputas por duas cadeiras no Senado na Georgia”, diz Julia Aquino, analista da Rico Investimentos.
Segundo ela, a divulgação de áudios do presidente Donald Trump pressionando oficiais por recontagem na Georgia, gerou repercussão negativa em momento decisivo para o segundo turno da eleição no estado, que ocorre na terça (5).
A conjuntura de fatores negativos levou a uma realização de lucros no pregão. O Ibovespa, principal índice acionário do Brasil, chegou a uma nova máxima pela manhã, a 120.353,81 pontos, mas acabou perdendo força com o viés negativo em Wall Street.
O índice fechou em leve queda de 0,14%, a 118.854 pontos. A desvalorização foi contida por papéis ligados a matérias-primas, que tiveram forte alta na sessão.
As ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras subiram 2%, e as da PetroRio, 6,57%.
Vale saltou 4,6%, com o setor de mineração e siderurgia em alta desde 2020. CSN, a ação do Ibovespa que mais subiu no último ano, avançou 7,28%na sessão. Gerdau fechou com elevação de 6,50%, e Usiminas, de 2,26%.
“Como as Bolsas caminham nas suas máximas históricas, o mercado tenta se apegar em qualquer notícia para fazer um movimento de correção depois das fortes altas de dezembro”, diz Leonardo Peggau, superintendente de renda variável na BlueTrade.
Além da pandemia e das eleições americanas, Peggau também cita a tensão no Golfo entre EUA e Irã, que tomou um petroleiro sul-coreano nesta segunda e anunciou a retomada do aumento de enriquecimento de seu urânio, violando o acordo nuclear de 2015.
Em Nova York, o índice S&P 500 recuou 1,48%, e Dow Jones, 1,25%. Nasdaq teve queda de 1,47%.
As ações da Boeing tiveram forte queda de 5,3% depois que a Bernstein cortou a recomendação para a empresa, dizendo que questões com o MAX 787 podem prejudicar de forma significativa o fluxo de dinheiro da fabricante americana de aviões.
No Brasil, Embraer cedeu 5,42%. Gol e Azul tiveram quedas de 3,9% e 4%, respectivamente.
“O avanço da pandemia e restrições mais rígidas diminuíram o entusiasmo com as vacinas e estímulos para recuperar as economias e as empresas ligadas ao setor aéreo, diretamente ou indiretamente, sofrem bastante neste contexto”, afirma Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.
No setor de shoppings, Iguatemi perdeu 4,55%, Multiplan caiu 4,16% e BRMalls recuou 3,74% após dados fracos de vendas do setor no Natal e medidas restritivas em São Paulo.
A Via Varejo, por sua vez, divulgou nesta segunda que teve uma alta de 20,2% nas vendas no período de 19 a 25 de dezembro frente ao mesmo período do ano anterior.
A métrica utilizada para o cálculo de crescimento foi a de GMV (sigla em inglês para Volume Bruto de Mercadorias). O objetivo dessa métrica é mapear o desempenho do ecommerce em um determinado período.
Os dados informados pela companhia são preliminares, não auditados e estão sujeitos a ajustes relacionados à receita de crediário, frete, montagem e outros serviços.
As ações da Via Varejo encerraram praticamente estáveis no pregão desta segunda-feira, com alta de 0,06%.
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