SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar ficou seguro na maior segmento da sessão desta sexta-feira (21) e se encaminhava para fechar a semana com pouca oscilação, mas posteriormente a notícia de que cientistas descobriram um novo coronavírus com potencial pandêmico na China, a moeda americana fechou com subida de 0,43%, cotada a R$ 5,729.
Na semana, a moeda acumulou lucro de 0,58%, interrompendo sete semanas consecutivas de perdas semanais.
Já a Bolsa caiu 0,37%, aos 127.128 pontos, com as ações das Lojas Renner despencando 14,00% posteriormente anunciar lucro de R$ 487,2 milhões no quarto trimestre, inferior das expectativas do mercado. Na semana, acumulou um declínio de 0,89%.
Pela manhã, a moeda americana tinha uma subida discreta e passou a ter ligeiro baixa posteriormente falas do ministro da Rancho Fernando Haddad sobre estabilidade no orçamento e do diretor de política monetária do Banco Mediano, Nilton David, sobre as perspectivas para a inflação no país.
No entanto, por volta das 15h, o dólar consolidou subida posteriormente o mercado reagir a uma notícia do portal Daily Mail sobre a invenção de um novo coronavírus na China, com potencial de transmissão entre humanos.
De negócio com o site, pesquisadores de Wuhan identificaram a novidade cepa em morcegos.
“Essa notícia afetou não só o mercado sítio, mas também os mercados globais”, afirmou Patricia Krause, economista patrão Latin América da Coface.
De trajo, a provável invenção intensificou a valorização do dólar nos mercados globais nesta quarta. O DXY, que mede o desempenho da mote dos EUA frente a uma cesta de moedas estrangeiras, subia 0,26% ao término da sessão.
Além da mote dos EUA, os treasuries, títulos do tesouro americano, também registraram ganhos, evidenciando o movimento de cautela.
Isso ocorre porque a moeda americana é amplamente considerada uma suplente de valor segura e os treasuries são considerados os títulos mais seguros do mundo.
Diante de uma notícia que pode gerar incertezas globais, investidores saem de capitais de ativos mais frágeis, uma vez que moedas de países emergentes, e migram em direção a economias e moedas mais sólidas, uma vez que o dólar e os treasuries.
Na avaliação de Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, até o momento, a notícia se baseia em rumores, e o mercado ainda aguarda mais informações para estimar o real potencial de contágio e o impacto econômico dessa novidade cepa.
“Precisamos estimar a real ameaço desse novo vírus, entender seu potencial de disseminação e o nível de risco em graduação global. Somente assim será provável instituir se o mercado continuará precificando essa incerteza ou se o dólar voltará a responder a outras variáveis econômicas”, afirma.
Segundo Moreira, a memória recente da pandemia de Covid-19 também pesa na reação antecipada do mercado. “Já sabemos quais foram os impactos logo é procedente que haja uma antecipação do mercado.”
A avaliação de Alexandre Viotto, patrão da mesa de câmbio da EQI Investimentos, segue a mesma tendência. Para ele, investidores adotaram uma postura de aversão ao risco, ou seja, mais cautelosa diante da notícia.
“Essa viradela [no dólar] sem incerteza se deu com a notícia do novo coronavírus. Isso acabou contagiando o mercado brasílico, com os investidores buscando maior segurança”, disse Viotto.
Na ponta doméstica, o mercado repercutiu uma entrevista concedida por Haddad ao ICL Notícias, nesta sexta, em que disse que um governo com Orçamento equilibrado é requisito para o desenvolvimento sustentável do país, inclusive para levar a inflação e os juros para plebeu.
“Nós temos um compromisso com a questão fiscal, fizemos o ajuste ano pretérito. O Orçamento pode ser confirmado com estabilidade nas contas, é o que garante a sustentabilidade da economia brasileira no médio e longo prazo, um desenvolvimento com inflação baixa, que é a nossa preocupação”, afirmou o ministro.
Sinalizações de compromisso com as medidas fiscais e estabilidade nas contas públicas tendem a diminuir as preocupações do mercado com o governo.
Na avaliação de Alison Correia, comentador de investimentos e sócio-fundador da Dom Investimentos, a tendência do dólar é continuar em patamares mais baixos, a depender da informação do governo em relação às medidas de compromisso fiscal.
“Se a qualquer momento o governo fizer alguma besteira, o dólar volta para R$ 6. Logo qualquer tipo de erro de informação ou lacuna no argumento em relação ao busto podem gerar um descompasso. O mercado já mostrou o quanto o nível de estresse pode afetar a curva de juros e do dólar”, disse.
Na entrevista, Haddad também disse confiar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegará “muito competitivo” às eleições de 2026, reafirmando que não tem pretensão de concorrer a nenhum missão.
“[O presidente Lula] é de longe o nome mais possante do nosso campo e tem todas as condições de concorrer e vejo ele gozar de plena saúde”, disse.
Nesta sexta, o diretor de política monetária do Banco Mediano, Nilton David, disse que os próximos meses serão desafiadores para a inflação.
Em evento do Bradesco BBI David, David disse que a inflação deve piorar no amontoado em 12 meses antes de melhorar.
“A gente entende que os próximos meses vão ser desafiadores, a inflação de 12 meses vai piorar antes de melhorar”, avaliou, prevendo que não deve possuir uma inflexão do índice de preços nos próximos meses.
Para o diretor, esse cenário para a inflação manante não ajuda no processo de melhora das expectativas de mercado, que são levadas em conta pelo BC nas decisões da política de juros.
O diretor afirmou ainda que os movimentos recentes do dólar, que se valorizou fortemente frente ao real no término de 2024 e perdeu força no início deste ano, não se deu somente no Brasil, avaliando que “o pivô mesmo foi lá fora”.
“[O BC] não pode imaginar que resolveu o problema dele com algumas semanas de diferença no preço do câmbio. A primeira traço de resguardo é separar rumor do que é tendência”, afirmou, ponderando que o dólar está em um momento historicamente valorizado contra o resto do planeta.
Na ponta internacional, os investidores repercutiram os planos tarifários dos Estados Unidos, as incertezas geopolíticas e a trajetória da taxa de juros do Fed (Federalista Reserve, banco medial americano), diante de um negócio mercantil entre EUA e China, além de um cessar-fogo na Guerra da Ucrânia.
O vice-primeiro ministro da China, He Lifeng, falou por meia hora com o novo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, e manifestou a ele sérias preocupações em relação às recentes tarifas dos EUA e outras medidas restritivas impostas à China.
Até agora, a China foi o único país que sofreu o início das imposições tarifárias de 10% sobre todos os produtos que entram nos EUA. Outras medidas foram adiadas ou estão distantes para entrarem em vigor.
Pequim retaliou impondo tarifas direcionadas de até 15% sobre algumas importações dos EUA e colocou várias empresas, incluindo o Google, em alerta para possíveis sanções.
A conversa entre Lifeng e Bessent foi precedida por falas do presidente Donald Trump, na quarta-feira (19), de que é “provável” chegar a um negócio mercantil com a China.
Na quinta-feira (20), o dólar fechou a sessão com queda de 0,37%, cotado a R$ 5,704, diante de um provável negócio mercantil entre os Estados Unidos e a China. O recuo da mote dos EUA seguiu uma tendência global de desvalorização.
Os agentes financeiros mudaram a percepção sobre o novo governo dos EUA, que completou um mês nesta quinta. Antes, predominava a visão de que as medidas prometidas por Trump seriam inflacionárias para os EUA.
Agora, os mercados avaliam que as ameaças são mais uma tática política de negociação do que um projecto concreto, o que provoca fortes perdas para o dólar neste início do ano.
Ainda na cena estrangeira, o mercado seguiu na expectativa por um cessar-fogo na Guerra da Ucrânia posteriormente negociações entre Estados Unidos e Rússia. Um ponto final no conflito traria menos incertezas geopolíticas e comerciais aos investidores.
A perspectiva do término do conflito, que completa três anos na próxima segunda-feira (24), tem piorado nos últimos dias depois que Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, passaram a trocar críticas e insultos, dificultando um negócio, o que também explicaria o movimento de cautela nos mercados.
O conflito tem influenciado as decisões os agentes financeiros nos últimos três anos, principalmente devido a seu impacto em preços de commodities, uma vez que grãos e petróleo.
Um término negociado para a guerra seria muito recebido pelos investidores, que teriam um fator de volatilidade a menos a ser ponderado em suas decisões.
Na terça-feira (18), autoridades norte-americanas e russas se reuniram a capital saudita, Riad, para suas primeiras conversas sobre o término da guerra na Ucrânia.