Dólar cai e real tem um dos melhores desempenhos entre moedas emergentes

O dólar caiu em relação a outras moedas no primeiro pregão da semana e, na conferência com o real, não foi dissemelhante. No final da sessão, rondava os menores níveis desde 20 de dezembro, tanto no mercado à vista quanto no horizonte. A notícia de que o próximo governo dos Estados Unidos pode ser mais seletivo em relação à imposição de tarifas de importação foi o elemento de maior peso nos negócios hoje, mas o fator sazonal – início do ano e baixa presença dos investidores no mercado – também pode ter colaborado para salientar as perdas.

 

O dólar à vista caiu 1,13%, para R$ 6,1125, mas na mínima intradia chegou a R$ 6,0928. O desempenho do real foi um dos melhores entre moedas emergentes. O dólar só caiu com mais intensidade em relação ao rublo (-2,93%), ao peso mexicano (-1,50%) e ao zloty polonês (-1,15%).

No mercado horizonte, o contrato da moeda para fevereiro tinha queda de 1,21% às 18h18, a R$ 6,1395, com mínima de R$ 6,1215. O volume de negócios até portanto era de US$ 11,35 bilhões.

Desde antes da sinceridade do pregão o dólar já operava em queda em relação a uma série de moedas no exterior, mas aprofundou as perdas em seguida o jornal The Washington Post publicar que assessores do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, estudam a emprego de tarifas de importação a todos os países, mas voltada a alguns produtos específicos. Antes, havia expectativa de adoção indiscriminada de tarifas de importação.

Trump disse algumas horas depois da publicação que a reportagem do Washington Post era falsa, mas as declarações não apagaram a empolgação dos investidores com a notícia.

Especialistas apontam que a queda mais intensa do dólar pode ser revérbero também do volume reduzido de negócios e de contratos em ingénuo, fatores que diminuem a resistência aos movimentos de preço, seja para plebeu ou para cima. “O mercado está com poucos players. As pessoas ainda estão voltando das férias, não tem tanta gente nas mesas. Os movimentos são maximizados”, disse Gean Lima, estrategista e trader de juros e moedas da Connex Capital.

Indumentária é que as expectativas em torno de aonde o câmbio vai nos próximos meses ainda estão difusas. No boletim Focus publicado mais cedo, a mediana das projeções do mercado crava o dólar a R$ 6 no final deste ano, mas as previsões variam entre os especialistas.

Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, acredita que a moeda possa caminhar em direção aos R$ 6, mas não no pequeno prazo. “Até porque os fatores que levaram a essa precificação permanecem – basicamente a trajetória da dívida desancorada por questões fiscais. Espero ao longo dos próximos meses que o dólar rode no patamar atual. Não me surpreenderia se fosse a patamares ainda mais elevados”, acrescentou.

Caique Stein, profissional de investimentos offshore da Blue3 Investimentos, também mencionou que o receio em torno da estabilização da dívida e dos efeitos da política fiscal são fatores que inibem uma potencial valorização do real. “Vemos o dólar na filete dos R$ 6,30 até março, meados de abril, enquanto tiver esse cenário sem progresso de políticas fiscal e monetária”.