SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta queda nesta quinta-feira (9), em um dia que promete ser de poucas operações já que os mercados nos Estados Unidos estão fechados devido ao funeral do ex-presidente Jimmy Carter.
Às 14h21, a moeda norte-americana caía 0,73%, cotada a R$ 6,065. Já a Bolsa subia 0,40%, aos 120.110 pontos, embalada por notícias de uma provável fusão da Gol com a Azul.
A agenda esvaziada da sessão tem direcionado o foco à grande taxa do início de ano: o novo governo de Donald Trump nos EUA. O republicano toma posse no dia 20 de janeiro, e a expectativa é sobre qual será a política tarifária da maior economia do mundo.
Notícias sobre os planos do presidente eleito têm movimentado os mercados nos últimos dias.
Na segunda-feira, uma reportagem do The Washigton Post indicou que assessores do presidente eleito estavam considerando taxar somente importações de setores críticos para o país. A notícia, um recuo da abordagem mais agressiva prometida por Trump durante a campanha eleitoral, inspirou gosto por ativos de maior risco no mercado e causou a queda do dólar por duas sessões consecutivas.
Mas Trump logo refutou a publicação e, na quarta, a CNN informou que o republicano estaria estudando declarar emergência econômica pátrio para ter uma justificativa legítimo na imposição de tarifas sobre aliados e adversários. O rumor fez a moeda norte-americana apresentar ganhos firmes em relação às demais divisas globais.
Enquanto ainda era candidato, Trump prometeu utilizar tarifas de 10% sobre as importações globais, além de outras de 60% para chinesas e de 25% para canadenses e mexicanas. Segundo especialistas em transacção, as medidas afetariam os fluxos comerciais, aumentariam os custos e provocariam retaliações.
Internamente, nos Estados Unidos, as tarifas ainda têm potencial inflacionário -comprometendo a bulha do Fed (Federalista Reserve, o banco meão norte-americano) contra a inflação, em curso desde 2020.
Um repique nos índices de inflação podem forçar a domínio monetária a manter os juros altos por mais tempo. A taxa está na orquestra de 4,25% e 4,50%, depois de três cortes em 2024 que somaram 1 ponto percentual de atraso.
Quanto mais altos os juros nos EUA, melhor para o dólar, que se torna mais atrativo aos investidores à medida que os rendimentos dos treasuries, os títulos ligados ao Tesouro norte-americano, crescem.
O Fed, na última reunião de política monetária, em dezembro, sinalizou a possibilidade de uma interrupção no ciclo de cortes. As autoridades disseram “esperar que a inflação continue a se movimentar em direção a 2%”, embora tenham ponderado que “os efeitos de possíveis mudanças na política mercantil e de imigração [de Trump] sugerem que o processo possa levar mais tempo do que o previsto anteriormente”.
“Vários observaram que o processo desinflacionário pode ter estagnado temporariamente ou observaram o risco de que isso possa sobrevir.”
Agora, a expectativa majoritária é que o Fed mantenha os juros inalterados na reunião do final deste mês, com somente 7% das apostas da utensílio CME Fed Watch prevendo um novo incisão de 0,25 ponto.
Para calibrar as projeções, o mercado tem estado prudente aos dados macroeconômicos dos EUA. Na sexta-feira, será divulgado o relatório de ofício para dezembro.
Indicadores recentes têm assinalado para a resiliência da economia, com um mercado de trabalho saudável e uma inflação ainda supra da meta de 2% do Fed.
“Existe preocupação em relação ao mercado de trabalho, que segue aquecido, com a inflação, que retornou, mas desacelerou a queda, e também sobre as políticas do governo Trump em relação às tarifas”, disse Marcos Weigt, head de Tesouraria do Travelex Bank.
Tudo isso “sugere que o Fed não vai ter muito espaço para novos cortes de juros”, avalia Leonel Mattos, crítico de Perceptibilidade de Mercado da StoneX.
Já na ponta doméstica, o foco segue sendo a política fiscal do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O pacote de contenção de gastos proposto pela lado econômica do governo foi validado pelo Congresso no último dia útil de plenário, 20 de dezembro. As medidas, porém, foram desidratadas, e, segundo cálculos iniciais, a previsão é que até R$ 20 bilhões da conta original, de R$ 70 bilhões, deixem de ser poupados nos próximos dois anos.
O mercado já serpente por mais ajustes fiscais, e o ministro Fernando Haddad (Rancho) afirmou que há espaço para outras contenções.
Em entrevista na terça, o patrão da Rancho disse que o déficit primordial ficará em 0,1% do PIB em 2024. O oferecido solene do resultado primordial do ano ainda não foi divulgado.
Se confirmado, o governo terá cumprido a meta fiscal de 2024, que prevê déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para mais ou para menos. “Depois de dez anos de desajuste, estamos fazendo um ajuste estrutural”, disse.
“Se o projecto traçado pelo Ministério da Rancho for a termo, chegar ao final do jeito que nós planejamos, nós vamos chegar com economia muito mais arrumada, mas muito mais arrumada, do que nós herdamos.”
Já na ponta corporativa, as ações da companhia aérea Azul eram destaque positivo, em meio a notícias sobre uma provável fusão com a rival Gol.
Os papéis subiam 4,75%, reduzindo o ímpeto depois de terem avançado mais de 7% no início da sessão. Segundo reportagem do Valor Econômico, a companhia aérea deve assinar com a Abra, controladora da Gol, um memorando de entendimento nas próximas semanas para discutir uma eventual fusão dos negócios.
Gol, em recuperação judicial e fora do Ibovespa, disparava 10,96%.