SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta potente queda nesta quinta-feira (23) e segue cotado inferior do patamar de R$ 6 pelo segundo dia contínuo.

 

Nesta sessão, os investidores avaliam falas recentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre tarifas a produtos importados e já se preparam para as decisões de juros de bancos centrais na próxima semana.

Às 15h, a moeda norte-americana caía 1,05%, cotada a R$ 5,884, próxima à mínima de R$ 5,874 do dia. Já a Bolsa marcava ligeiro variação positiva de 0,03%, aos 123.001 pontos.

A tônica dos mercados neste início de ano segue sendo o segundo procuração do presidente Donald Trump. Ele tomou posse na segunda-feira (20) e renovou ameaças de impor tarifas de importação a produtos da União Europeia e da China no início de fevereiro, muito uma vez que para os do Canadá e do México.

No entanto, a leitura dos investidores é que a política tarifária do republicano tem sido menos agressiva do que se esperava para os primeiros dias de governo, e o mercado pondera se as ameaças são bravatas políticas ou de veste planos concretos do presidente. Até agora, Trump unicamente orientou que as agências federais investiguem os déficits comerciais dos EUA e práticas comerciais “injustas” de países parceiros.

Essa percepção norteou as operações na quarta-feira e levou o dólar inferior do patamar psicológico de R$ 6 pela primeira vez desde o final do ano pretérito, quando esteve em uma sequência de disparadas em meio ao estresse fiscal do país.

“O movimento visto ontem não tem relação a novidades no cenário interno e no tema fiscal, mas, sim, no desmonte das expectativas sobre o governo Donald Trump, fazendo com que o mercado voltasse a procurar ativos mais arriscados”, avalia Marcio Riauba, encarregado da mesa de operações da StoneX.

A promessa de medidas mais protecionistas esteve no meio da campanha eleitoral de Trump. Segundo especialistas em transacção, a imposição de tarifas mais altas afetaria os fluxos comerciais, aumentaria custos e provocaria retaliações.

O principal temor, no entanto, é sobre o efeito na economia doméstica dos EUA. As tarifas têm potencial inflacionário, o que pode comprometer a recontro do Fed (Federalista Reserve, o banco mediano do país) contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados. E, quanto mais altos os juros por lá, melhor para o dólar, que se torna mais simpático conforme os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro norte-americano crescem.

Com temores de um repique inflacionário por culpa das tarifas, o dólar vinha amontoado ganhos em relação às demais moedas antes da posse do presidente. Na véspera, a retirada de investimentos na lema norte-americana também fez os pesos mexicano, colombiano e chileno apresentarem ganhos firmes.

“Hoje, os ativos devem testar a resiliência vista de ontem, principalmente com foco nos movimentos ou nas falas de Donald Trump”, diz Riauba.

Em participação virtual nesta quinta no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Trump fez uma ode ao que labareda de meritocracia, prometeu transformar os EUA na capital da lucidez sintético e das criptomoedas, varar dez regulamentações a cada regulamentação novidade que implementar e trinchar impostos no que enuncia uma vez que uma “novidade era de ouro”.

“Minha mensagem para o mundo é simples: venha fabricar seu resultado nos EUA que nós lhe daremos benefícios fiscais. Se você não quiser, o que é uma regalia sua, você terá de remunerar taxas para nós, cujas alíquotas variarão.”

Ele ainda disse que o tratamento que os EUA recebem da União Europeia é injusto e será reexaminado, citando os processos do conjunto contra os gigantes da tecnologia.

“Por mais que ele tenha adotado uma retórica agressiva, Trump não usou um tom de efetividade, uma vez que ‘vou tarifar tanto’, ‘quero fazer isso’, ‘vou fazer aquilo'”, avalia Matheus Spiess, crítico da Empiricus Research.

Ele também pondera que o real “tinha muita gordura para queimar” desde o estresse causado no final do ano pretérito por culpa das incertezas fiscais.

“Mas essa queda não é sustentável. Veremos provavelmente alguns ‘voos de penosa’ até que o governo apresente um projecto crítico para endereçar a agenda fiscal. O governo tem fracassado em dar sinalizações claras sobre o que pretende fazer.”

É uma visão compartilhada pelo economista-chefe do Itaú Unibanco e ex-diretor do BC (Banco Medial), Mario Mesquita.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, em Davos, disse que o valor justo para o dólar é R$ 5,70, mas, para voltar a esse patamar, iisto pela última vez há três meses, é necessário que o governo tenha uma ação fiscal potente, que reforce o tórax fiscal e demonstre seu compromisso.

“Esse é o momento de substanciar o tórax fiscal, não de enfraquecer. Acho que para restaurar a credibilidade, a crédito, às vezes você precisa fazer um ato mais emblemático”, disse.

“O que a gente tem sugerido é que o tórax, na verdade, deveria ser reforçado com um limite de prolongamento de 1,5%, e não de 2,5%. E a gente também apresenta várias medidas que poderiam ser contempladas, que têm a ver com a rigidez do processo orçamentário brasílico, da realização fiscal no Brasil.”

Já para os próximos dias, a expectativa é sobre uma série de decisões de bancos centrais. Na sexta-feira, o Banco do Japão inaugura a sequência de reuniões sobre juros, e a mando japonesa poderá voltar a subir sua taxa.

Na quarta-feira, será a vez do Fed e do BC (Banco Medial) brasílico. Da ponta norte-americana, as apostas majoritárias são em uma manutenção dos juros na orquestra atual de 4,25% e 4,5%. Já na ponta doméstica, o Copom (Comitê de Política Monetária) já havia antecipado que a taxa Selic, agora em 12,25% ao ano, terá aumentos de 1 ponto percentual neste mês e em março.

Na quinta, o BCE (Banco Medial Europeu) encerra a bateria de decisões mais relevantes para o mercado. A expectativa é por uma redução nos juros.