SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em subida nesta quinta-feira (30), com o mercado repercutindo as decisões de juros do Brasil e dos Estados Unidos do dia anterior.

 

Enquanto o Fed (Federalista Reserve, o banco médio norte-americano) manteve a taxa inalterada e interrompeu a sequência de cortes, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Medial) subiu a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano -ambas as divulgações em risca com as expectativas do mercado.

Às 9h06, a moeda norte-americana subia 0,81%, cotada a R$ 5,9159. Na quarta, fechou em firmeza, com queda marginal de 0,01%, cotada a R$ 5,867. Já a Bolsa caiu 0,50%, aos 123.432 pontos. A decisão do Copom foi anunciada depois o fechamento do mercado.

O Fed manteve a taxa de juros na margem de 4,25% e 4,5%, uma vez que amplamente esperado.

No transmitido, removeu a linguagem das últimas atas que dizia que a inflação estava progredindo em direção à meta e, agora, observou que o ritmo de aumento nos preços “permanece saliente”. As autoridades ainda disseram crer que o progresso na redução da inflação será retomado oriente ano, embora não tenham oferecido nenhuma indicação de quando as taxas irão voltar a desabar.

“Labareda a atenção a mudança no tom do transmitido, que foi sutil, mas significativa. Em dezembro, o comitê enxergava que o mercado de trabalho estava desaquecendo, enquanto a inflação mostrava ganhos significativos em direção à meta”, avalia André Valério, economista sênior do Inter.

No transmitido dessa quarta, indica que enxerga solidez no mercado de trabalho, enquanto a inflação permanece, na visão do comitê, elevada. Foi uma inclinação hawkish [postura disposta a subir juros e conter a inflação] na notícia.”

Depois reunião de dezembro, o Fed -de olho na persistência da inflação supra da meta de 2%, no mercado de trabalho poderoso e na incerteza sobre efeitos da política econômica do presidente Donald Trump- já tinha indicado uma postura mais cautelosa e previsto menos cortes em 2025.

Em entrevista coletiva depois a reunião, o presidente da autonomia, Jerome Powell, disse que é muito cedo para expor o que as possíveis medidas de Trump causarão sobre a economia e que o banco médio levará o tempo necessário para julgar o significado do novo regime de políticas governamentais.

Desde a campanha eleitoral, o republicano tem prometido exaltar as tarifas de importação para produtos vindos da China, Canadá, União Europeia, México, entre outros.

Segundo especialistas em negócio, a imposição de tarifas mais altas afetaria os fluxos comerciais, aumentaria custos e provocaria retaliações. Na economia doméstica dos EUA, ainda há o risco de um repique inflacionário, o que pode comprometer a recontro do Fed contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados.

Nenhuma ordem foi assinada por enquanto. A leitura é que a política tarifária tem sido menos agressiva do que se esperava para os primeiros dias de governo, e o mercado pondera se as ameaças são bravatas políticas ou de roupa planos concretos do presidente. Até agora, Trump exclusivamente orientou que as agências federais investiguem os déficits comerciais dos EUA e práticas comerciais “injustas” de países parceiros.

As autoridades do Fed estão “esperando para ver quais políticas serão promulgadas”, disse Powell.

“Não sabemos o que acontecerá com as tarifas, com a imigração, com a política fiscal e com a política regulatória.”

Na estudo de Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, o Fed deve manter a postura técnica até que os planos do presidente se desenrolem.

“A adoção e realização desse projecto econômico é incerto. Haverá negociações e muita discussão. Logo, o Fed deve manter a postura técnica e esperar a evolução da economia norte-americana para tomada de decisão, sem se precipitar, a termo de manter a sua credibilidade”, afirma.

Já André Valério, do Inter, avalia uma vez que “prudente” a postura do banco médio norte-americano.

“Powell enfatizou em sua coletiva que ajustes adicionais na taxa de juros deverão ocorrer se houver novos avanços na convergência da inflação ou piora suplementar no mercado de trabalho. Assim, mantemos o cenário base de mais dois cortes em 2025, uma vez que projetado pelo Fed em dezembro”, diz.

“Naturalmente, esses cortes serão dependentes das novas divulgações de dados, e as políticas de Trump são um risco para esse cenário, mormente a implementação de tarifas. Entretanto, até o momento tais tarifas não foram implementadas e, nesse caso, podemos ter as condições necessárias para o Fed dar perenidade ao ciclo de cortes.”

A indefinição sobre a política tarifária tem feito o dólar perder segmento do valor no Brasil e em outras praças. Segundo dados da Bloomberg, o investidor estrangeiro reduziu em US$ 19,7 bilhões as apostas de que o real perderia valor perante o dólar no mercado de fundos cambiais desde o último pico, de 16 de dezembro de 2024.

As posições hoje compradas em dólar marcam US$ 57,83 bilhões, contra US$ 77,61 bilhões em dezembro.

Além da falta de medidas concretas do governo Trump, a valorização do real tem sido atribuída à pouquidade de novidades na cena fiscal brasileira e à perspectiva de uma taxa Selic mais subida em 2025.

Já na ponta brasileira, o Copom manteve a indicação da reunião de dezembro e aumentou a Selic em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano.

O objetivo da elevação é segurar a inflação. No último boletim Focus, analistas ouvidos pelo BC esperam que IPCA (Índice Vernáculo de Preços ao Consumidor Espaçoso) termine o ano em 5,50%.

O núcleo da meta para a inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

A piora nas projeções reflete a suspeição dos economistas com o compromisso do governo Lula com o estabilidade das contas públicas e a sustentabilidade do busto fiscal. Em novembro, o Copom reforçou o alerta sobre risco fiscal e disse que uma piora suplementar das expectativas de inflação poderia prolongar o ciclo de subida de juros.

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