Nossos olhos sentem quando a saúde vai mal, literalmente. Um levantamento do Instituto Penido Burnier extraído do banco de dados do SUS (Sistema Único de Saúde) mostra que as hospitalizações por doenças na retina, incluindo o descolamento, tiveram um aumento de 123% entre 2012 e 2022. No período passaram de 10.651 internações para 23.740. Nos dois anos, a população masculina foi a mais atingida.
Em 2012 das internações por problemas na retina 5.824 (55%) aconteceram com homens e 4827 (45%) com mulheres. Já em 2022, das a população masculina totalizou 12.816 (53%) e as mulheres com 8.784 (47%).
De acordo com o presidente do hospital, oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, o aumento das doenças na retina está relacionado a vários fatores de risco. Um deles é a alta miopia. “Isso porque, acima de 6 dioptrias ou graus o olho tem um comprimento maior que o normal, faz pressão sobre a retina que afina e pode romper”, pontua. Traumas no olho durante a prática de esportes, diabetes ou hipertensão maligna que forma novos vasos na retina são outros fatores de risco relevantes, enumera.
Sintomas
Queiroz Neto explica que o descolamento é uma emergência, mas nem sempre apresenta sintomas. Por isso, as consulta oftalmológica periódica do alto míope não deve faltar. “A maioria dos descolamentos de retina acontecem depois dos 60 anos quando o vítreo do globo ocular sofre alterações, mas podem ocorrer também entre jovens. Quando há sintomas, os principais enumerados pelo oftalmologista são: enxergar flashes de luz, pequenos pontos pretos ou moscas volantes e uma cortina sobre a visão que indicam emergência em passar por consulta oftalmológica
Tratamento
Queiroz Neto afirma que quanto mais rápido é o atendimento médico maiores as chances de reabilitar a visão. Por exemplo, comenta, quando acontece uma ruptura da retina o descolamento pode ser prevenido com aplicação ambulatorial de laser ou crioterapia (congelamento) que sela a retina no fundo do olho.
As principais técnicas cirúrgicas para reabilitar o descolamento são:
Retinopexia convencional em que uma faixa flexível de silicone empurra a retina para a parede do olho.
Retinopexia pneumática que consiste em injetar uma bolha de no olho para empurrar a retina.
Vitrectomia em que o gel vítreo do olho é retirado e substituído por gás ou óleo de silicone
Outras causas
Uma outra causa de acometimento súbito da retina é o infarto. Queiroz Neto explica que a retina é uma membrana altamente vascularizada e o infarto provoca interrupção do fluxo sanguíneo quando se rompe uma das placas de gordura depositada nas coronárias. “Os maiores inimigos do coração e dos olhos são o tabagismo e o colesterol alto, pontua. O especialista ressalta que as alterações na viscosidade da corrente sanguínea decorrente do diabetes desencadeia um processo conhecido como neovascularização em que se formam novos vasos na retina a partir dos vasos já existentes. A neovascularização é o principal fator de risco da perda visual por degeneração macular que globalmente afeta 196 milhões de pessoas e da retinopatia diabética que afeta 146 milhões. “Os primeiros sinais só são perceptíveis no estágio intermediário dessa alteração quando a visão fica embaçada no centro da imagem e as linhas retas se tornam sinuosas. Sinaliza necessidade de avaliação médica imediata”, ressalta.
Tratamento
Queiroz Neto afirma que hoje o tratamento para retinopatia diabética, edema macular diabético e degeneração macular inclui aplicação de laser e injeções oculares com terapias antifator de crescimento endotelial vascular (anti-VEGF). As terapias anti-VEGF, ressalta, interrompe o crescimento e vazamento de vasos sanguíneos na retina na maioria dos pacientes com diabetes, mas nem sempre são eficazes e podem causar efeitos colaterais pelo uso prolongado, como aumento da pressão intraocular ou danos teciduais. “Por isso há diversos grupos de pesquisadores, incluindo brasileiros, que estão desenvolvendo drogas com novas tecnologias que prometem resultados mais eficazes. Por enquanto, o laser e as injeções representam as únicas alternativas,” observa.
Prevenção
As principais recomendações do oftalmologista para manter a saúde ocular são:
Faça exames oftalmológicos periódicos em todas as fazes da vida para detectar doenças em estágio inicial. A progressão pode significar a diferença entre enxergar e passar o resto dos s dias no escuro.
Pratique atividades físicas.
Evite o tabagismo e o consumo diário de bebidas alcoólicas.
Mantenha a alimentação e peso equilibrados priorizando o consumo de folhas verde escuro, frutas e legumes alaranjados ou amarelos que são ricos em antioxidantes, vitaminas A e C essenciais para sua visão.
· Faça hemograma completo anualmente.