A Justiça venezuelana, alinhada ao regime do ditador Nicolás Maduro, confiscou no fim da tarde desta sexta-feira (14) o prédio que abriga a sede do Nacional, principal jornal venezuelano.
A medida é parte da execução da sentença por dano moral decidida em favor do homem-forte do chavismo, Diosdado Cabello -no mês passado, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) ordenou que o jornal pague US$ 13,4 milhões ao líder chavista. A ação cita uma reportagem republicada pelo mais tradicional diário de Caracas sobre a suspeita de envolvimento de Cabello com o narcotráfico.
Jorge Makriniotis, gerente-geral do jornal, divulgou um vídeo com o momento em que policiais lacram o edifício, cumprindo a ordem judicial. “Depois de 78 anos de história, defendendo a liberdade de expressão, o Nacional está sendo invadido e está sendo confiscado. Isso é um ataque contra a democracia”, afirmou.
O episódio ocorre justamente quando o regime vinha dando mostras de querer dialogar com a oposição liderada por Juan Guaidó, agora apoiado pelos EUA sob Joe Biden. Nas últimas semanas, Maduro havia tomado decisões interpretadas como gestos de boa vontade por alguns atores internacionais, incluindo o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, órgãos de direitos humanos e o Grupo de Contato Internacional.
Entre as medidas, estavam a escolha de dois membros não-chavistas para o Conselho Nacional Eleitoral, a libertação (para prisão domiciliar) de seis executivos da Citgo (companhia petrolífera) e a determinação de permitir assistência do World Food Program para crianças desnutridas.
Maduro também declarou que estaria “pronto para conversar” com Guaidó. “Com a ajuda da União Europeia, do governo da Noruega, do Grupo de Contato, quando quiserem, onde quiserem e como quiserem.”
Guaidó, que vinha recebendo críticas de outros setores da oposição, teve respaldo do governo americano por meio de Julie Chang, subsecretária para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado. “Apoiamos Juan Guaidó e os esforços da oposição venezuelana para restaurar pacificamente a democracia na Venezuela através de eleições presidenciais e parlamentares livres e justas”, disse.
Os diálogos, que terão acompanhamento internacional, visam a realização de eleições regionais livres no fim do ano.
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