BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Tesouro Nacional observou aumento das taxas cobradas por investidores para emprestar ao governo no longo prazo. Os receios sobre o impacto do auxílio emergencial nas contas públicas impulsionaram o movimento, de acordo com os técnicos.
“A curva de juros apresentou alta nas taxas, reagindo às expectativas em relação à política monetária e às discussões sobre a prorrogação do auxílio emergencial e seu impacto nas contas públicas”, afirma o Tesouro em relatório mensal sobre a dívida pública publicado nesta quarta-feira (24).
Segundo o documento, o ano de 2021 começou com volatilidade, especialmente no fim de janeiro, e deterioração nos cenários internacional e doméstico. Além da preocupação com as contas públicas, os investidores veem com apreensão a descoberta de variantes do novo coronavírus.
O CDS (Credit Default Swap, indicador de risco do país) de 5 anos registrou aumento, de 140 pontos em dezembro para 174 pontos em janeiro. Pares emergentes também sofreram com maior aversão a risco, mas com o CDS mais baixo que o Brasil – é o caso de Colômbia (113 pontos), Chile (54), Peru (62) e México (95).
De acordo com o Tesouro, houve ao longo do mês de janeiro elevação nas taxas médias praticadas nos leilões de títulos, embora o custo como um todo ainda permaneça em nível historicamente baixo, principalmente por causa do atual patamar da Selic (2% ao ano).
A elevação em taxas de longo prazo é ocorre enquanto há crescente necessidade de endividamento para cobrir o déficit nas contas públicas. A dívida pública federal cresceu 0,99% na passagem de dezembro para janeiro e chegou a R$ 5,009 trilhões.
Por outro lado, o prazo médio de pagamento da dívida total subiu de 3,57 anos em dezembro para 3,61 anos em janeiro, reduzindo pressões sobre a rolagem da dívida neste ano. O percentual de vencimentos nos próximos 12 meses diminuiu de 27,57% em dezembro para 27,10% em janeiro.
A estratégia do Tesouro nos últimos meses de encurtar os vencimentos para aproveitar juros mais baratos no curto prazo colaborou para reduzir os preços. O custo médio acumulado da dívida total nos últimos doze meses caiu de 8,37% ao ano em dezembro para 8,29% ao ano em janeiro, o menor da série histórica.
Para fazer frente aos vencimentos, o Tesouro tem usado parte de seu colchão de liquidez. A reserva apresentou redução, em termos nominais, de 8,58%, passando de R$ 881,28 bilhões, em dezembro, para R$ 805,68 bilhões, em janeiro.
De acordo com o Tesouro, o mês de fevereiro, até o momento, tem sido marcado pela recuperação no mercado externo, com avanço nas discussões de pacotes fiscais em algumas economias e avanço nas campanhas de vacinação, produzindo uma melhora na percepção de risco de emergentes.
Por outro lado, o CDS do Brasil de 5 anos teve performance pior que os pares emergentes, principalmente em função das preocupações sobre a trajetória fiscal e o ritmo da agenda de reformas. No mercado doméstico, os juros também refletiram a preocupação com o fiscal, apresentando alta nos prazos mais longos.
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