SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cerca de 50 pessoas estão desaparecidas e cinco morreram após o desabamento de uma encosta de 180 metros de altura na região autônoma da Mongólia Interior, no norte da China. O acidente ocorreu em uma mina operada pela empresa local Xinjing Coal Mining Company no começo da tarde desta quarta (22).
A região é a principal produtora de carvão do país, que tenta aumentar sua produção sob apelos do regime por mais suprimentos a preços estáveis. Estima-se que a China tenha aumentado a capacidade de mineração de carvão em 260 milhões de toneladas em 2022.
No ano anterior, o país havia passado por uma escassez de suprimento do minério que provocou blecautes em regiões essenciais às vésperas da chegada do inverno.
A mina que desabou nesta semana era subterrânea até 2012, quando transformou-se em uma operação a céu aberto, de acordo com a mídia estatal. A empresa havia suspendido a produção por três anos antes de voltar a funcionar em abril de 2021.
Até agora, 334 pessoas foram mobilizadas para o trabalho de resgate, que precisou ser interrompido após um novo desabamento à noite. Os socorristas voltaram a trabalhar na madrugada desta quinta-feira (23), de acordo com a televisão estatal CCTV.
Imagens da emissora mostram equipes de resgate trabalhando com escavadeiras para remover uma pilha de destroços de 500 metros de largura e cerca de 80 metros de altura, onde estão soterrados dezenas de trabalhadores. A Comissão Nacional de Saúde afirmou que seis pessoas feridas foram resgatadas, todas em condições estáveis.
“Eu tinha acabado de começar a trabalhar quando vi o deslizamento de terra descendo a colina. A situação piorou cada vez mais”, disse Ma Jianping, um funcionário resgatado, em um leito de hospital na região vizinha de Ningxia. “Tentamos organizar a retirada das pessoas, mas era tarde demais.”
O acidente afetou uma ampla área da mina, localizada no árido norte chinês. A unidade administrativa Liga Alxa, onde ocorreu o desabamento, é uma região pouco povoada cuja economia depende de mineração e outras atividades extrativas.
A segurança nas atividades de mineração da China melhorou nas últimas décadas, assim como a cobertura da mídia sobre os principais incidentes, que antes eram ignorados. As minas do país, porém, ainda estão entre as mais mortais do mundo, e há acidentes frequentes no setor. O risco se deve a uma aplicação negligente dos protocolos de segurança, especialmente em locais remotos.
Em dezembro passado, uma mina de ouro na região noroeste de Xinjiang desabou quando cerca de 40 pessoas trabalhavam no subsolo -apenas 22 puderam ser resgatadas. Já em 2021, 20 mineiros foram resgatados e dois morreram em uma mina de carvão que foi inundada na província de Shanxi, no norte. No mesmo ano, 19 mineiros ficaram presos no subsolo após um colapso em uma mina de Qinghai, no noroeste. Eles foram encontrados mortos após longa busca.
O líder chinês, Xi Jinping, ordenou esforços de busca e resgate. “Devemos fazer todos os esforços possíveis para resgatar as pessoas desaparecidas e tratar os feridos”, disse Xi. O premiê Li Keqiang também pediu uma investigação rápida sobre a causa do colapso.
Governos locais, incluindo o da Mongólia Interior, ordenaram que mineradoras, especialmente as unidades a céu aberto, façam verificações de segurança.
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