(FOLHAPRESS) – A promessa de Donald Trump de levar a cabo uma política de deportação em volume pode ter impactos relevantes na economia da América Latina e do Caribe, o principal sorte de remessas enviadas pelos imigrantes. Há países nos quais a renda depende desse montante.
Os números recém-publicados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) mostram que, no ano pretérito, pelo menos US$ 161 bilhões (quase R$ 1 trilhão) foram enviados para a região. Nações porquê Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala e Haiti têm entre 1/5 e 1/4 de seu PIB (Resultado Interno Bruto) oriundo desses envios.
São remessas enviadas em seguida jornadas de trabalho extensas e muitas vezes precárias nos EUA que chegam para sustentar as famílias, em sua maioria formadas por mulheres, crianças e idosos. Para muitos, o temor atual não é exclusivamente de cunho humanitário, mas também de caráter financeiro.
Em San Cristóbal de las Casas, uma cidade de estilo colonial no estado mexicano de Chiapas, A., que fala à reportagem por telefone e não quer expor seu nome, agora teme pela segurança do marido e também pelos impactos que uma deportação poderia acarretar. Ela é mais uma mulher indígena a função dos filhos que sobrevive das remessas.
O marido de A., 26, emigrou há dois anos e meio para a Geórgia, nos EUA, com a promessa de trabalho em uma plantação de blueberry (ou mirtilo). Contraiu uma dívida de 130 milénio pesos mexicanos (R$ 37 milénio) com coiotes que o ajudaram a trespassar do sul do México e ir ao estado sulista com um visto temporário.
Hoje está em situação irregular. “Ele me diz que agora tem muito pavor. Até de trespassar para comprar suas tortillas e seus frijolitos [feijão].”
“Não tínhamos nenhum terreno para trabalhar nossos cultivos, plantar milho, mandioca. Meu trabalho com artesanato já não nos dava zero. Já chorei muito. Ninguém quer estar nessa situação, sozinha com os filhos. Havia dias que não tinha nem um peso para comprar remédio para as crianças. Por isso ele partiu. O numerário que nos manda é para comprar comida, remédios e velar para comprar um terreno.”
O impacto na vida de A. e de seus filhos de 6 e 3 anos idade, cujas principais memórias com o pai são por uma tela de celular, seria suculento no caso em que seu marido seja deportado. Hoje ele trabalha em restaurantes em jornadas diárias de mais de 13 horas. A dívida com o coiote ainda não foi quitada.
As remessas enviadas pelos imigrantes latinos nos EUA para suas famílias ajudam a movimentar as economias locais. Esses montantes também partem de imigrantes na Europa e na própria América do Sul, mas é da potência americana que sai 80% do numerário.
Quando chega, a maior secção da remessa é colocada em movimento: para consumo, porquê compras no mercado, mas também para financiar instrução e tratamentos de saúde.
O sonho americano, que pode parecer um bordão, para esses imigrantes é a verdade e é guiado pela procura do trabalho.
A taxa de ofício de imigrantes latino-americanos e caribenhos nos EUA no ano pretérito foi de 95,2%, muito superior a de seus países de origem. A força de trabalho cresceu 3,4% no setor, ainda que haja uma geral sobrequalificação, de imigrantes com formações superiores e técnicas que não são aproveitadas nas vagas que conseguem ocupar.
O salário semanal médio no primeiro trimestre de 2024 era de US$ 891 (mais de R$ 5.000), o maior dos últimos 18 anos para esses imigrantes, que chegaram a 27,7 milhões de pessoas vivendo nos Estados Unidos, entre aqueles em situação regular e aqueles sem documentos.
O montante calculado pelo setor de investigação migratória do BID, um aumento de 5% em relação ao valor que chegou à região em 2023, já é suculento, mas é reconhecidamente subnotificado.
Muitos imigrantes recebem em numerário nos Estados Unidos, não em contas bancárias, e buscam as mais diversas maneiras de enviar esse montante físico a suas famílias. Essa parcela passa por insignificante do radar do monitoramento.
Ainda fica de fora o país com a maior diáspora na América do Sul, a Venezuela, que poderia catapultar esses dados. A falta de transparência do regime lugar com dados públicos sobre oriente e outros temas impede que o BID faça cálculos sobre as remessas dessa nacionalidade.
Nem a inflação venezuelana é um oferecido simples: a ditadura fala em 48% anuais, enquanto o Observatório Venezuelano de Finanças, formado por especialistas distantes do regime, fala em 85% anuais.
Economistas independentes que falaram à reportagem fazem seus próprios cálculos. Estimam que ao menos US$ 4 bilhões chegam anualmente à Venezuela enviados pelos imigrantes, mas admitem que faltam muitos elementos para quantificar esse oferecido.
Com um rígido esquema de limite de envio de dólares estabelecido no país, há muitos imigrantes que operam um esquema de triangulação: pagam um tanto no exterior para um compatriota que segue em seu país de origem para que oriente, portanto, pague um tanto na moeda lugar para a família do imigrante. Qualquer solução provável para que o périplo que enfrentaram em sua ida para os EUA tenha valido a pena.
Leia Também: Crítico de Trump, apresentador da CNN americana anuncia demissão ao vivo
Leia Também: Quem foi Mary MacLeod, a mãe de Trump que imigrou com R$ 300 no bolso?
