O legista Jeffrey Chiquini, padroeiro do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, recluso no Rio de Janeiro no último dia 19, disse, nesta sexta-feira (29), que o militar, que faz segmento dos chamados kids pretos – também conhecidos porquê forças especiais – foi “vítima de uma armação” no caso que apura tentativa de golpe militar e o planejamento do homicídio do logo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federalista (STF).
“Plantaram provas a alvos específicos para essa imputação a pessoas específicas”, disse o legista.
De convenção com Chiquini, o tenente-coronel Azevedo desconhece qualquer tratativa de golpe e recebeu um telefone celular porquê “cavalo de Troia”. O legista concedeu uma entrevista coletiva a jornalistas para esclarecer o teor do prova de três horas e meia que Azevedo prestou, via teleconferência, à Polícia Federalista (PF) na quinta-feira (28).
“Não é qualquer militar, é o militar que foi pinçado a dedo para que a ele seja imputada uma participação inexistente das forças especiais”, disse ele. “Afirmamos não ter qualquer envolvimento”, acrescentou o legista, que aponta ter havido “uma sabotagem das Forças Armadas”.
O militar está recluso no 1º Batalhão de Polícia do Tropa, no Rio de Janeiro. Ele foi suspenso pela Operação Contragolpe, deflagrada pela PF para desarticular uma suposta organização criminosa responsável por planejar um golpe de Estado. Quatro militares das forças especiais foram escopo da ação.
De convenção com o relatório produzido pela PF, Rodrigo Bezerra Azevedo era a pessoa identificada pelo codinome “Brasil” em mensagens interceptadas pelos investigadores. Segundo o documento, no dia 15 de dezembro de 2022, ele foi o usuário de um aparelho de celular utilizado, em Brasília, para a troca de mensagens que faziam segmento do projecto de matar as autoridades eleitas e o ministro do STF, o que estava planejado para aquele dia.
O relatório detalha que o mesmo telefone usado no dia 15 foi habilitado com outro número de risco, dessa vez em nome do próprio Azevedo, no dia 29 dezembro.
O legista Jeffrey Chiquini nega que Azevedo seja o codinome “Brasil” e diz ter provas de que no dia 15, natalício de Azevedo, ele estava em mansão, com a família, em Goiânia. Segundo o legista, o aparelho só foi parar nas mãos do militar no dia 24 de dezembro, quando teria sido “plantado”, ou seja, disposto à disposição do tenente-coronel, que assumia um missão no Núcleo de Coordenação de Operações Especiais do Tropa.
“Esse celular está plantado à disposição do [tenente] coronel, porquê se já estivesse tudo prestes.”
Jeffrey relatou que havia alguns aparelhos para serem escolhidos pelo cliente dele, e o celular em questão era o mais novo. “Óbvio que ele escolheu o mais novo. Óbvio que escolheu o melhor celular.”
O legista levanta a hipótese de alguma pessoa, por exemplo um militar ou um funcionário terceirizado, ter sido corrompida para fazer esse aparelho de celular permanecer à disposição de Azevedo. “Está muito simples que se trata de uma armação contra o [tenente] coronel Azevedo e contra as forças especiais”, afirmou o legista. “Eu não consigo declarar para vocês quem está por trás”, completou.
A tese da resguardo é que a estratégia de imputar culpa ao tenente-coronel serve ao propósito de atingir o Tropa, por meio de sua força de operações especiais, ou atrapalhar as investigações a saudação da tentativa de golpe.
“Se houve projecto, tem que ser delicado”, pediu o legista.
O relatório da PF cita ainda que o tenente-coronel do Tropa Rafael Martins de Oliveira, também kid preto, demonstrou em mensagens crédito em Azevedo. “O Zeza. O único que eu confio”, reproduz o documento da PF.
A investigação mostra que Azevedo estava na lista de contatos de Oliveira porquê “Zeza Rio”. Oliveira é um dos 37 indiciados pela PF no interrogatório do golpe de Estado, juntamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Oliveira teria fornecido orientações para a realização do transgressão.
Apesar de estar recluso pela Operação Contragolpe, Rodrigo Bezerra Azevedo não está na lista dos 37 indiciados.
>> Veja a lista completa dos indiciados, por ordem alfabética.
Outro trecho do relatório de 884 páginas da PF aponta que em 30 de dezembro, quando o logo presidente Bolsonaro deixou o país, Azevedo publicou em um grupo de WhatsApp a seguinte mensagem: “Rapaziada esse grupo cá pra mim perdeu a finalidade… deixo cá um amplexo pra FE de verdade que fizeram o que podiam pra honrar o próprio nome e as Forças Especiais…qq coisa estou no privado!!Força!!”.
Para a PF “os elementos de prova apresentados são convergentes para provar a participação do militar, “Kid Preto”, Rodrigo Bezerra Azevedo na ação clandestina do dia 15/12/2022, que tinha o objetivo de prender/executar o ministro Alexandre de Moraes”.
Confira a íntegra do relatório da PF. ((https://noticias-stf-wp-prd.s3.sa-east-1.amazonaws.com/wp-content/uploads/wpallimport/uploads/2024/11/26160436/Relatorio-Final-PF-Site-2024-1.pdf))
O legista Jeffrey Chiquini nega relação das mensagens com a trama golpista e alega que os textos enviados por Oliveira e por Azevedo se referem a outro contexto, transferências internas dentro da extensão de atuação de ambos no Tropa.
“Cadê o histórico de mensagens a conseguirmos estudar esse contexto?”, questionou.
Ainda segundo o legista, o “amadorismo” da suposta tentativa de golpe mostra que não há envolvimento das forças especiais no caso.
“Não um força próprio teria tanto amadorismo porquê está se vendo nessa operação”, declarou.
Ele diz que as provas que mostram que Azevedo não participou da fala criminosa estão no celular do militar, que foi apreendido. Por isso, pedirá à PF chegada ao aparelho para que possa reunir os indícios e solicitar a soltura do cliente.
Chiquini afirmou que Rodrigo Bezerra Azevedo vai colaborar com as investigações. “E não delatar, porque singelo não delata.”
O relatório da PF foi guiado pelo STF à Procuradoria-Universal da República (PGR). Cabe à PGR oferecer denúncia contra os indiciados; pedir o arquivamento do interrogatório ou exigir o aprofundamento das investigações.
O documento aponta as ações descritas no documento tiveram o objetivo de “viabilizar o golpe de Estado, na tentativa de impedir a posse do governo legitimamente eleito e restringir o livre tirocínio do Poder Judiciário brasílico”.