CRISTINA CAMARGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em edital em São Paulo com seu primeiro solilóquio, “Prima Facie”, Débora Falabella temeu subir ao palco sozinha e perder o ritmo das cenas. A peça, sob a direção de Yara de Novaes, que estreou uma novidade temporada neste final de semana em seguida o sucesso em 2024, exige uma entrega física e emocional intensa ao abordar a história da bem-sucedida advogada Tessa, que revê valores e reflete sobre o sistema judicial em seguida ser vítima de um estupro.
O talento e a concentração de Falabella, no entanto, fazem com que o solo seja visto porquê o momento mais impressionante de sua curso. Mormente na primeira secção do espetáculo, a performance mostra que ela incorporou o texto da dramaturga australiana Suzie Miller ao corpo e transformou as palavras em uma coreografia que inclui gestos enfáticos e nuances na postura, além das trocas de figurino e até de penteados.
Não há pausas ou atalhos para facilitar a tradução. São falas e movimentos vigorosos, capazes de conquistar a atenção do público para a trajetória da criminalista satisfeita com o sucesso nas disputas jurídicas, em que ganha quem for mais eficiente na exploração das brechas da lei. Tessa joga, admite isso, sente orgulho e celebra a vida até virar vítima da violência sexual.
A direção optou por não dramatizar a cena do estupro, que é narrado em detalhes, mas de forma distanciada. É porquê se Falabella parasse de interpretar por alguns minutos para tocar em uma ferida da sociedade atual sem, no entanto, explorar o indumentária.
A atriz não perde o fôlego durante os 90 minutos da apresentação e encontrou estratégias para seguir em frente mesmo quando escapa uma vocábulo ou outra do texto original. No entanto, na segunda secção do espetáculo, o tom é mais ordinário, mais realista, mais denúncia.
“Prima Facie” estreou na Broadway e foi montado em vários lugares do mundo em formatos diferentes, mas sempre com a missão de refletir sobre a falta de respostas suficientes para os crimes sexuais contra as mulheres.
Ao questionar o mundo jurídico subjugado por homens, a peça chamou a atenção de Raquel Dodge, ex-procuradora-geral da República que se movimentou para levar a montagem a Brasília. Na capital federalista, a estreia foi aplaudida por ministros, juízes, promotores e defensores públicos.
Em um cenário que não esconde os bastidores teatrais, uma tendência contemporânea, a jerarquia jurídica é representada por cadeiras empilhadas. No auge do sucesso profissional, a personagem rodeia e graduação esse mundo poderoso e ocupa o palco simulando disputas entre gatos e ratos.
“Os taxistas não escolhem os seus clientes”, argumenta, ao explicar que cabe a uma advogada criminalista proteger, também, os homens que violentam as mulheres.
Ao passar do êxtase ao desamparo, a advogada perde o rumo e é quase dominada por dúvidas, mas é a força que faz secção de sua personalidade que a leva a seguir em frente, denunciar o estupro e enfrentar a vexação de um sistema que não foi criado ou pensado para as mulheres.
Sozinha no palco, Falabella dá a sentimento de contracenar com vários atores ao longo da peça. Depois o estupro, acuada, revela, também em seu corpo e na sua voz, a solidão de uma mulher que é vítima da violência estrutural e histórica.
Prima Facie
Quando: Sex. e sáb., às 20h; Dom., às 18h. Até 30/3
Onde: Teatro Vivo -av. Doutor Chucri Zaidan, 2460, São Paulo.
Preço: R$ 150
Classificação: 12 anos
Autoria: Suzie Miller
Elenco: Débora Falabella
Direção: Yara de Novaes
Link: https://bileto.sympla.com.br/event/97960/d/287913/s/1963618
Avaliação: Magnífico
Leia Também: Globo grava primeiras cenas de Débora Bloch como Odete Roitman no remake ‘Vale Tudo’