A Embraer lançou nesta sexta-feira, 8, um curta-metragem de animação para homenagear o fundador da companhia, Ozires Silva, que completou 90 anos. Com duração de 14 minutos, o vídeo “O Voo do Impossível” retrata a história do engenheiro aeronauta que liderou a criação do Bandeirante, avião turboélice cujo desenvolvimento foi iniciado em 1965 e que acabou dando origem à fabricante brasileira de aeronaves.
Hoje presidente do conselho de inovação da Ânima Educação – empresa que reúne instituições de ensino superior como São Judas e Unisul, entre outras -, Silva se afastou da Embraer em 1994, após concluir o processo de privatização da empresa. Procurado, ele não deu entrevista, mas, em sua última conversa com o Estadão, em junho de 2018, estava animado com a possibilidade de a empresa ser vendida para a Boeing.
Para Ozires, o interesse da americana na Embraer significava um reconhecimento da qualidade da aeronave brasileira. O engenheiro previa um aumento no potencial de comercialização dos aviões da Embraer com a parceria. “A força de vendas da Boeing é muito importante para nós”, disse à época.
Na ocasião, Ozires destacou ainda que o espírito empreendedor era essencial para uma negociação como a que a Embraer travava com a Boeing. “Uma característica essencial do empreendedor é coragem, ousadia. A gente não sabe quais são os riscos, mas o empreendedor trabalha para que esses riscos sejam minimizados.” No ano passado, em meio à pandemia, a Boeing desistiu do negócio.
Nascido em Bauru, no interior de São Paulo, em 8 de janeiro de 1931, Ozires entrou, aos 17 anos, para a escola preparatória da Força Aérea Brasileira (FAB), no Rio de Janeiro. Após tirar a licença de piloto militar, estudou Engenharia Aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Em seguida, participou do desenvolvimento do Bandeirante para, só depois, convencer o então presidente Costa e Silva a criar uma fabricante brasileira de aeronaves. A conversa entre os dois – retratada no curta-metragem lançado pela Embraer – se deu quando o avião presidencial teve de pousar em São José dos Campos (SP) por causa do mau tempo.
Após a fundação da Embraer, o coronel da aeronáutica comandou a empresa até 1986, quando a deixou para presidir a Petrobras. Foi também ministro da Infraestrutura e Comunicações do governo Fernando Collor por dois anos, antes de retornar à Embraer, em 1992.
Em entrevistas recentes, Ozires afirmou que sua experiência na esfera pública o fez perceber que o governo é lento e controlador. Por isso, a melhor opção é a privatização, costuma dizer. Não à toa, liderou a venda da companhia para o setor privado em 1994, sendo amplamente criticado por parte dos funcionários. Ainda teve uma outra passagem pelo setor aéreo no início dos anos 2000, quando presidiu a Varig por dois anos.
Em um vídeo divulgado para promover o curta-metragem, Ozires afirma que a criação da Embraer foi “muito importante” para o País. “Precisamos de muito mais ‘Embraers’ no Brasil inteiro para fazer a riqueza desse país que tanto desejamos.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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