LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – As crianças que nascerem no Brasil em 2025 terão uma expectativa de vida maior do que gerações anteriores. Também devem descrever com menos irmãos e conviver com uma parcela maior de idosos na população ao longo das próximas décadas.
É o que indicam as projeções populacionais mais recentes do IBGE (Instituto Brasílio de Geografia e Estatística), atualizadas no último mês de agosto para o período de 2000 a 2070.
Segundo o órgão, uma moço que nascer no país em 2025 terá expectativa de viver, em média, até os 76,8 anos. Trata-se de um patamar superior ao estimado para os nascidos em 2000, quando a previsão estava em 71,1 anos, em 2010 (74,4) e em 2019 (76,2), no pré-pandemia.
O movimento de subida na expectativa de vida ao nascer foi interrompido durante a crise sanitária, mas voltou a crescer na sequência, alcançando 76,4 anos em 2023, 76,6 em 2024 e os 76,8 anos em 2025.
“As projeções são de uma tendência de aumento da expectativa de vida em relação aos anos anteriores”, diz Márcio Minamiguchi, gerente de Projeções e Estimativas Populacionais do IBGE.
“Na média, a gente espera que uma moço que nasça em 2025 tenha uma vida um pouco mais longa do que uma moço que nasceu em 2024 ou que nasceu em 2023, e assim por diante. Do ponto de vista individual, seria um tanto nessa risca”, acrescenta.
Em 2070, a expectativa deve chegar a 83,9 anos no Brasil, de conciliação com o instituto. No caso das mulheres, a média tende a ultrapassar os 80 anos já no ano que vem. A previsão para elas é de que o indicador cresça de 79,9 anos em 2024 para 80,1 anos em 2025.
Para os homens, a previsão é de aumento de 73,3 anos em 2024 para 73,5 anos em 2025. O IBGE já apontou em mais de uma ocasião que mortes de jovens devido a causas externas ou violentas, uma vez que homicídios e acidentes de trânsito, costumam impactar mais a população masculina, o que afeta a esperança de vida desse grupo.
Para as crianças que nascerem em 2025, outra tendência destacada pelo instituto é a provável convívio com uma população cada vez mais idosa.
Em 2070, as pessoas de 60 anos ou mais devem simbolizar 37,8% do totalidade de habitantes no Brasil, o equivalente a 75,3 milhões.
Isso indica um prolongamento perante 2025, quando a proporção de idosos deve ser de 16,6%, o equivalente a 35,4 milhões. Para se ter uma teoria, o percentual era de 8,7% em 2000.
No sentido contrário, as crianças e os adolescentes de 0 a 14 anos devem perder participação. Em 2070, tendem a simbolizar 12% da população, o equivalente a 23,8 milhões. A proporção estimada para 2025 é de 19,5% (41,6 milhões). O percentual era de 29,9% em 2000 (52,3 milhões).
“Se a gente pensar do ponto de vista das crianças, a tendência é de que vão ter menos irmãos, menos primos”, aponta Márcio.
“As famílias tendem a ser muito mais de tios e avós e menos aquela coisa de um monte de primos e irmãos”, acrescenta.
Um dos indicadores que ajudam a entender o cenário é a taxa de feracidade, que era de 2,32 filhos por mulher no Brasil em 2000. O número deve atingir 1,53 em 2025.
A taxa, indica o IBGE, tende a seguir em declínio, recuando a 1,47 em 2030. O ponto mais grave da série até 2070 é esperado para 2041 (1,44). A projeção para 2070 está em muro de 1,5.
O instituto estima ainda que o país terá 2,4 milhões de nascimentos em 2025. É um patamar subordinado ao de 2000, quando era de quase 3,6 milhões. Em 2070, o número deve permanecer inferior de 1,5 milhão.
As informações também sinalizam que as mulheres estão adiando a gravidez. A idade média da maternidade era de 25,3 anos em 2000, passou para 27,7 anos em 2020 e deve chegar a 31,3 anos em 2070.
A expectativa de vida é calculada em uma média para o país. Há, porém, algumas diferenças regionais.
No Sul, a expectativa de vida ao nascer em 2025 é de 77,5 anos, o maior nível do Brasil. Sudeste (77,1) e Núcleo-Oeste (77) vêm na sequência. Nordeste (76,4) e Setentrião (76,1) aparecem depois.
Márcio diz esperar “uma certa convergência” nos números de esperança de vida nos estados ao longo dos anos, mas pondera que indicadores uma vez que a verosimilhança de morte na puerícia variam de conciliação com as condições socioeconômicas de cada localidade.