BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Na manhã desta sexta-feira (8), os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, receberam o prêmio Nobel da Paz de 2021 em razão do trabalho que desenvolvem em defesa das liberdades de expressão e de imprensa.
Os jornalistas se juntam, agora, a uma lista que tem instituições como Cruz Vermelha, IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e Unicef; e nomes como Malala Yousafzai, Jimmy Carter, Martin Luther King e Nelson Mandela. A distinção, em reconhecimento a feitos em prol da humanidade, é entregue desde 1901.
Inicialmente, o Prêmio Nobel englobava mais quatro categorias, além da condecoração pela paz: literatura, química, física e medicina. Uma sexta -economia- foi adicionada décadas mais tarde, em 1969.
Até a metade do século 20, os vencedores da categoria paz eram “políticos ativos que procuravam promover a paz internacional, a estabilidade e a justiça por meio da diplomacia e de acordos internacionais”, segundo a premiação.
Desde o fim da Segunda Guerra, o prêmio passou a reconhecer esforços nas áreas de desarmamento, democracia e direitos humanos. Na virada para o século 21, o foco passou a contemplar também iniciativas de combate e mitigação a mudanças climáticas causadas pelo homem.
Entregue apenas a pessoas vivas, a láurea nasceu para cumprir o testamento do químico e inventor Alfred Nobel. O curioso é que, em vida, o sueco ficou conhecido por ter inventado um artefato utilizado em guerras: a dinamite. Ele patenteou a invenção nos EUA em 1867, quando tinha 34 anos. Nas décadas seguintes, fez disso um negócio lucrativo, e no final da vida era dono de 355 patentes.
Pouco antes de morrer de hemorragia cerebral, aos 63, deixou em seu testamento que 94% de seus ativos deveriam ser destinados à criação de um fundo para premiar iniciativas que ajudassem a humanidade.Veja a lista com todos os vencedores do Nobel da Paz
2021: Maria Ressa e Dmitri Muratov, pela defesa que fazem da liberdade de expressão, pré-requisito para a democracia e a paz duradoura
2020: Programa Mundial de Alimentos (PMA), por atuar como uma força motriz nos esforços para prevenir o uso da fome como arma de guerra e conflito
2019: O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, que assinou acordo de paz que pôs fim a duas décadas de hostilidades com a Eritreia
2018: O congolês Denis Mukwege e a iraquiana Nadia Murad, que denunciaram o uso da violência sexual como arma de guerra
2017: Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (Ican), por chamar a atenção para o risco desses artefatos
2016: Juan Manuel Santos, então presidente da Colômbia, pelo acordo de paz assinado com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
2015: Quarteto para o Diálogo Nacional da Tunísia, pela contribuição decisiva na construção de uma sociedade plural no país
2014: A paquistanesa Malala Yousafzai e o indiano Kailash Satyarthi, premiados pela defesa dos direitos das crianças e à educação
2013: Organização para a Proibição de Armas Químicas, sediada na Holanda, por sua defesa da proibição de armas químicas
2012: A União Europeia, por mais de seis décadas promovendo os direitos humanos e a paz na Europa
2011: As liberianas llen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee e a iemenita Tawakkol Karman, pela luta não violenta pela seguranças das mulheres e por seu direito de participação plena em processos de paz
2010: Liu Xiaobo, ativista chinês premiado por sua luta longa e não violenta pelos direitos humanos em seu país
2009: Barack Obama, então presidente dos EUA, reconhecido por reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre as pessoas
2008: Martti Ahtisaari, diplomata e ex-presidente da Finlândia, por seu trabalho na resolução de conflitos em vários continentes
2007: Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, e o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), pelo trabalho para disseminar informações sobre os problemas ambientais
2006: O bengali Muhammad Yunus e o Grameen Bank, pelo trabalho para aumentar o desenvolvimento econômico para pessoas pobres na Índia e em Bangladesh
2005: Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o egípcio Mohamed El Baradei, por seus esforços para evitar que a energia nuclear seja usada para fins militares e para garantir que a energia nuclear para fins pacíficos seja usada da maneira mais segura possível
2004: Wangari Maathai, ativista do Quênia, pela contribuição ao desenvolvimento sustentável, à democracia e à paz
2003: Shrin Ebadi, primeira juíza do Irã, por sua defesa dos direitos de mulheres e crianças
2002: O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, por suas décadas de esforços para encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais
2001: A ONU e seu então secretário-geral, o ganês Kofi Annan, pela busca de um mundo mais pacífico
2000: Kim Dae-Jung, presidente da Coreia do Sul, por seu esforço para buscar a paz com a Coreia do Norte
1999: Médicos sem Fronteiras, pelo trabalho humanitário pioneiro
1998: Os norte-irlandeses John Hume e David Trimble, pelo esforço para conseguir a paz entre as Irlandas
1997: A ativista americana Jody Williams e a ICBL (Campanha Internacional para Banir Minas Terrrestres), por seu trabalho contra esse tipo de armadilha
1996: Os políticos Carlos Ximenes e José Ramos-Horta, por seus trabalhos para o acordo de paz no Timor Leste
1995: Joseph Rotblat, físico britânico, por seu esforço para eliminar as armas nucleares no mundo
1994: Yasser Arafat, então líder palestino, Shimon Peres, então ministro das Relações Exteriores de Israel, e o então premiê israelense Yitzhak Rabin, pelos esforços em busca da paz no Oriente Médio
1993: Nelson Mandela e Frederik Willem de Klerk, pelo trabalho para o fim do Apartheid na África do Sul
1992: A guatemalteca Rigoberta Menchú Tum, por sua luta pela justiça social e a reconciliação etno-cultural a partir do respeito aos direitos dos povos indígenas
1991: A política birmanesa Aung San Suu Kyi, por sua luta não violenta pela democracia e pelos direitos humanos
1990: O político russo Mikhail Gorbachov, pelo papel de liderança que desempenhou nas mudanças radicais nas relações Leste-Oeste
1989: O 14º dalai-lama, o tibetano Tenzin Gyatso, por defender soluções pacíficas baseadas na tolerância e no respeito mútuo, a fim de preservar o patrimônio histórico e cultural de seu povo
1988: As Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas, por prevenir confrontos armados e criar condições para negociações
1987: O presidente costa-riquenho Oscar Arias Sánchez, por seu trabalho pela paz duradoura na América Central
1986: O autor romeno Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto, por ser um mensageiro para a humanidade em prol da paz, da expiação e da dignidade
1985: Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear, por divulgar informações confiáveis e por criar consciência das consequências catastróficas da guerra nuclear
1984: O bispo anglicano Desmond Mpilo Tutu, por seu papel como líder unificador na campanha não violenta para resolver o problema do apartheid na África do Sul
1983: O político polonês Lech Walesa, pela luta não violenta, pelos sindicatos livres e pelos direitos humanos em seu país
1982: A parlamentar sueca Alva Myrdal e o diplomata mexicano Alfonso García Robles, pelo trabalho em prol do desarmamento e das zonas nucleares e livres de armas
1981: Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), pela promoção dos direitos fundamentais dos refugiados
1980: O ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, por ser fonte de inspiração para as pessoas reprimidas, especialmente na América Latina
1979: A religiosa de origem macedônia Madre Teresa, por seu trabalho para ajudar a humanidade sofredora
1978: Os políticos Mohamed Anwar al-Sadat, presidente do Egito, e Menachem Begin, premiê de Israel, por terem negociado a paz conjuntamente entre os dois países
1977: Anistia Internacional, devido a sua luta pelos direitos humanos
1976: As ativistas Betty Williams e Mairead Corrigan, pelos esforços em fundar um movimento para pôr fim ao violento conflito na Irlanda do Norte
1975: O físico Andrei Dmitrievich Sakharov, por sua luta pelos direitos humanos na União Soviética, pelo desarmamento e pela cooperação entre as nações
1974: O francês Seán MacBride, cofundador da Anisita Internacional, por seus esforços para garantir e desenvolver os direitos humanos em todo o mundo; e o premiê japonês Eisaku Sato, por sua contribuição para estabilizar as condições na área do Pacífico e pela assinatura do Tratado de Não-Proliferação Nuclear
1973: O secretário de Estado americano Henry A. Kissinger e o vietnamita Le Duc Tho, por terem negociado em conjunto um cessar-fogo no Vietnã; o segundo declinou do prêmio
1971: O primeiro-ministro alemão Willy Brandt, por abrir o caminho para um diálogo significativo entre o Oriente e o Ocidente
1970: O engenheiro agrônomo americano Norman E. Borlaug, por ter contribuído para a “revolução verde”
1969: Organização Internacional do Trabalho, pela criação de legislação internacional que assegure certas normas para as condições de trabalho em todos os países
1968: O jurista francês René Cassin, por sua luta para garantir os direitos do homem conforme estipulado na Declaração da ONU
1965: Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pelos seus esforços para aumentar a solidariedade entre as nações
1964: O pastor e ativista americano Martin Luther King Jr., por sua luta não violenta pelos direitos civis da população afro-americana
1963: Comitê Internacional da Cruz Vermelha e Liga das Sociedades da Cruz Vermelha, por promoverem os princípios da Convenção de Genebra e a cooperação com a ONU
1962: O cientista americano Linus Carl Pauling, por sua luta contra a corrida armamentista nuclear entre o Oriente e o Ocidente
1961: O sueco Dag Hammarskjöld, secretário-geral da ONU, por fazer das Nações Unidas uma organização internacional eficaz e construtiva
1960: O ativista e político Albert John Lutuli, de origem zimbabuana, por sua luta não violenta contra o apartheid na África do Sul
1959: O diplomata britânico Philip J. Noel-Baker, por sua contribuição para o desarmamento e paz
1958: O religioso belga Georges Pire, por seus esforços para ajudar os refugiados a retornar a uma vida de liberdade e dignidade
1957: O primeiro-ministro canadense Lester Bowles Pearson, por sua contribuição crucial para o desdobramento de uma Força de Emergência das Nações Unidas após a Crise de Suez
1954: Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), por fornecer ajuda e proteção aos refugiados em todo o mundo
1953: O secretário da Defesa dos EUA George Catlett Marshall, por propor e supervisionar o plano de recuperação econômica da Europa
1952: O filósofo de origem alemã Albert Schweitzer, por seu altruísmo, reverência pela vida e trabalho humanitário
1951: O líder sindicalista e diplomata francês Léon Jouhaux, por ter dedicado sua vida à luta contra a guerra por meio da promoção da justiça social
1950: O diplomata americano Ralph Bunche, por seu trabalho como mediador na Palestina em 1948-1949
1949: O biólogo e político escocês Lord John Boyd Orr de Brechin por seu esforço ao longo da vida para vencer a fome
1947: Comitê de Serviço de Amigos (Quaker), por seu trabalho pioneiro no movimento internacional pela paz
1946: A socióloga e pacifista americana Emily Greene Balch, por seu trabalho pela paz, e o religioso americano John Raleigh Mott, por contribuir para uma fraternidade religiosa promotora da paz
1945: O secretário de Estado americano Cordell Hull, por seu papel fundamental no estabelecimento das Nações Unidas
1944: Cruz Vermelha, pelo trabalho que realizou durante a guerra em nome da humanidade
1938: Escritório Internacional de Nansen para Refugiados, pelo trabalho em benefício dos refugiados de toda a Europa
1937: O político de diplomata britânico Robert Cecil, por seu apoio à Liga das Nações
1936: O chanceler argentino Carlos Saavedra Lamas, por seu papel como pai do Pacto Antiguerra argentino de 1933, que também foi usado como meio de mediar a paz entre o Paraguai e a Bolívia em 1935
1935: O escritor e jornalista alemão Carl von Ossietzky, por seu amor pela liberdade de pensamento e expressão
1934: O político e diplomata britânico Arthur Henderson, por seus esforços como Presidente da Conferência de Desarmamento da Liga das Nações
1933: O escritor britânico Ralph Lane, por fazer um apelo convincente pela paz e cooperação internacional
1931: A ativista Jane Addams e o pedagogo e político Nicholas Murray Butler, ambos americanos, por seus esforços para reviver o ideal de paz
1930: O bispo sueco Nathan Söderblom, por promover a unidade cristã
1929: O secretário de Estado americano Frank Billings Kellogg, por seu papel na concretização do Pacto Briand-Kellogg
1927: Os acadêmicos e políticos Ferdinand Buisson (francês) e Ludwig Quidde (alemão), pela contribuição para o surgimento em seus países de uma opinião pública que favorece a cooperação internacional pacífica
1926: Os chanceleres Aristide Briand (francês) e Gustav Stresemann (alemão), pelos papéis na concretização do Tratado de Locarno
1925: O político britânico sir Austen Chamberlain, por seu papel em concretizar o Tratado de Locarno, e o vice-presidente dos EUA Charles Gates Dawes, pela direção do Plano Dawes
1922: O cientista e político norueguês Fridtjof Nansen, pelo papel de líder na repatriação de prisioneiros de guerra
1921: Os políticos Karl Hjalmar Branting (sueco) e Christian Lous Lange (norueguês), por suas contribuições para o “internacionalismo organizado”
1920: O primeiro-ministro francês Léon Victor Auguste Bourgeois, por seu papel no estabelecimento da Liga das Nações
1919: O presidente dos EUA Thomas Woodrow Wilson, por seu papel como fundador da Liga das Nações
1917: Cruz Vermelha, por cuidar dos soldados feridos, além de prisioneiros de guerra e suas famílias
1913: O jurista belga Henri La Fontaine, por sua contribuição pelo internacionalismo pacífico
1912: O secretário de Estado americano Elihu Root, por trazer um melhor entendimento entre os países da América do Norte e do Sul
1911: O jurista holandês Tobias Michael Carel Asser, pelo pioneirismo nas relações jurídicas internacionais, e o escritor austríaco Alfred Hermann Fried, por combater a anarquia nas relações internacionais
1910: Bureau Permanente da Paz Internacional, por atuar como um elo entre as sociedades de paz dos vários países
1909: O primeiro-ministro belga Auguste Beernaert e o político e diplomata francês Paul de Constant, por suas posições no movimento internacional pela paz
1908: Os políticos Klas Pontus Arnoldson (sueco) e Fredrik Bajer (dinamarquês), por serem líderes na luta pela paz
1907: O jornalista italiano Ernesto Teodoro Moneta, por seu trabalho para um entendimento entre a França e a Itália, e o acadêmico francês Louis Renault pela sua influência na condução das Conferências de Haia e Genebra
1906: O presidente dos EUA Theodore Roosevelt, por seu papel em pôr fim à sangrenta guerra travada entre o Japão e a Rússia
1905: A escritora tcheca Bertha von Suttner, por sua coragem em se opor aos horrores da guerra
1904: Instituto de Direito Internacional, por tornar as leis de guerra mais humanas
1903: O político britânico William Randal Cremer, pelo esforço em favor das ideias de paz
1902: O jornalista e diplomata Élie Ducommun, pela direção do Bureau da Paz, e o advogado Charles Albert Gobat, também suíço, pela administração da União Interparlamentar
1901: O filantropo suíço Jean Henry Dunant, por seus esforços humanitários para ajudar soldados feridos ao cofundar a Cruz Vermelha, e o político francês Frédéric Passy, pela defesa da diplomacia
Não houve premiação em 19 ocasiões: 1972, 1967, 1966, 1956, 1955, 1948, 1943, 1942, 1941, 1940, 1939, 1932, 1928, 1924, 1923, 1918, 1916, 1915, 1914
Notícias ao Minuto Brasil – Mundo