Conheça Darlan, o fã de Naruto que é destaque da seleção de vôlei em Paris-2024

Depois de perder os dois primeiros sets para a Itália, o Brasil se recuperou e teve possibilidades de virar na estreia do vôlei na Olimpíada de Paris-2024 muito por causa de um nome: Darlan Souza, conhecido simplesmente pelo primeiro nome, garantiu a vitória da seleção no terceiro set – levando à loucura narradores e a torcida brasileira no estádio. A cada ponto marcado, mostrava a língua, comemorava com os companheiros e vibrava como se fosse o último – e o mais importante de sua carreira. Não foi o suficiente – derrota por 3 sets a 1 -, mas mostrou o cartão de visitas do oposto na capital francesa.

Pelo lado direito da rede, os ataques de Darlan ajudaram a ampliar as possibilidades de chegada de Lucarelli e Leal, ameaçando a defesa italiana. A partir dele, o Brasil conseguiu se recuperar na partida, depois de ser surpreendido pelos europeus nos dois primeiros sets. Campeão dos Jogos Pan-Americanos em Lima, no Peru, ele chegou como destaque, em meio a outros nomes mais experientes, como Lucão e Bruninho, para ajudar na seleção liderada por Bernardinho em Paris.

“Só fui (eu mesmo). O pessoal do time me deixa muito à vontade. Não adianta dar esporro, ganhando ou perdendo esse sou. É o meu jeito”, afirmou Darlan, na zona mista, logo após a derrota.

O oposto já havia ganhado notoriedade no Pré-Olímpico de vôlei, em 2023. Justamente neste torneio o Brasil venceu a Itália para garantir a vaga em Paris. A cada ponto marcado e antes dos saques, o jovem de 21 anos fazia gestos que parecem estranhos aos desavisados, mas que são mundialmente conhecidos entre os fãs de animes, gênero de desenho animado típico do Japão.

Os movimentos feitos por Darlan com as mãos são “jutsus”, uma técnica ninja utilizada pelos personagens de “Naruto”, anime muito popular no Brasil e um dos favoritos do atleta, que é completamente fascinado pela cultura japonesa. O fascínio é manifestado também em seu braço direito, onde tem uma tatuagem enorme de Kyojuro Rengoku, personagem da série de mangá e anime “Demon Slayer”.

Em julho de 2022, quando foi chamado para a Liga das Nações, disputada no Japão, Darlan ficou extasiado. “Quando eu soube que iria ao Japão com a seleção masculina de vôlei foi uma alegria imensa. Contei para os meus irmãos e meus pais na hora. Fiquei animado e um pouco ansioso. O foco era a Liga das Nações, os treinamentos e os jogos, mas vivenciar um pouco a cultura japonesa já era uma experiência incrível”, disse na ocasião, já em solo japonês.

A celebração em forma de “jutsus” já é marca registrada de Darlan, tanto na seleção quanto no Sesi-Bauru, há algum tempo, a ponto de virar assunto entre os dubladores de Naruto no Brasil. Úrsula Bezerra, Tati Keplmair e Robson Kumode divulgaram um vídeo, antes do Mundial de Vôlei de 2022, interpretando seus respectivos personagens, para desejar sorte ao oposto da seleção do time de Renan.

DISPUTA COM O IRMÃO

Para ter a oportunidade de exibir sua carismática celebração, Darlan vive uma disputa de posição com seu irmão mais velho, Alan Souza, de 29 anos, campeão do Mundial e da Liga das Nações em 2019 e 2021, respectivamente. Ambos são opostos.

Alan exaltou a atuação do irmão caçula após jogos da Liga das Nações, em junho. “O coletivo foi muito importante. Muitas peças entrando e saindo do lugar. O Darlan entrou e fez um jogo extraordinário. Não tem como contestar. A seleção brasileira é coletivo. A gente ainda tem muito que melhorar, algumas coisas precisam melhorar, mas é esse o espírito. O que importa é a vitória, independentemente do placar”.

A primeira convocação de Darlan para a seleção adulta foi aos 19 anos, para as etapas da Bulgária e do Japão da Liga das Nações de 2022, ocasião em que ganhou oportunidade como titular por causa de uma lesão do irmão, que rompeu o tendão de Aquiles. Hoje, a disputa entre os dois é das mais acirradas.

Os irmãos foram criados em Nilópolis, cidade da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Por isso a disputa do Pré-Olímpico na capital fluminense facilitou a presença de familiares na arquibancada. Dona Aparecida, a mãe da dupla, acompanhou aos jogos no Maracanãzinho.