SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O aeroporto de Congonhas, em São Paulo, não aceita mais aviões de pequeno porte –conhecidos popularmente como jatinhos– em sua pista principal. A medida, que impede tanto pousos quanto decolagens, passou a valer nesta sexta-feira (10).
A proibição foi instituída após três incidentes com esse tipo de aeronave em apenas uma semana, entre o final de outubro e o início de novembro. A Aena, concessionária que administra Congonhas, fez pedido à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), ainda no começo do mês, para que a mudança fosse adotada.
Com o aval da agência reguladora e do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), os aviões de pequeno porte –definidos como aqueles com envergadura inferior a 14,5 metros– passaram a ter que usar apenas a pista auxiliar do aeroporto desde esta sexta-feira.
“A Aena entende que há espaço para manter tanto a aviação comercial quanto a aviação executiva em operação no aeroporto de Congonhas”, diz a concessária, em nota.
“Reforçamos o nosso compromisso em manter a aviação geral no aeroporto. Todavia, alguns ajustes são necessários para melhorar a performance operacional e a segurança.”
Na próxima sexta (17), entrará em vigor uma outra proibição na pista principal, para “pousos e decolagens de aeronaves turboélices e a pistão da aviação geral/executiva”, explica a concessionária.
“A pista principal do aeródromo será utilizada para operação de aeronaves da aviação comercial e de jatos de médio e grande porte da aviação geral”, resume a Aena, que entende que as novidades vão “reduzir riscos e melhorar a eficiência operacional na pista principal”.
Há, porém, uma exceção que libera o uso da pista principal para jatinhos: em caso de condições meteorológicas adversas, chamadas de categoria 1, quando há visibilidade igual ou menor a 800 metros para o pouso.
Relembre os incidentes
Em 29 de outubro, a aeronave Cirrus Vision teve o pneu esquerdo do trem de pouso estourado quando pousava. A pista ficou interditada por 50 minutos até que a aeronave fosse retirada.
Em 1º de novembro, às 19h50, um Piper Aircraft PA-42, vindo de Cuiabá, também teve problemas com o trem de pouso durante a aterrissagem, às 19h50.
Não houve feridos. O avião realizava transporte aeromédico e o passageiro foi retirado imediatamente pela equipe médica do aeroporto, em segurança.
A pista, no entanto, só foi liberada às 21h49, e o horário de funcionamento do aeroporto teve de ser estendido até 0h30 para que a operação das companhias aéreas fosse concluída.
Com isso, 30 voos de partida e 43 de chegada foram cancelados. As operações só foram normalizadas às 9h do dia seguinte.
Já em 3 de novembro, um jato executivo do modelo Cessna Citation, procedente de Estrela D’Oeste (SP), teve falha no sistema de freios durante a aterrissagem, às 16h13.
Os pousos e decolagens na pista principal foram retomados às 17h30. Houve 12 voos cancelados e 14 alternados para outros aeroportos em razão do episódio.
Em documento obtido pelo Painel S.A., Kleber Almada Meira, diretor-executivo do aeroporto de Congonhas, ao fazer o pedido das novas proibições, argumentou que a situação não se restringe aos três incidentes recentes. Ele lembrou, na solicitação, caso de maiores proporções em outubro de 2022.
“Os três eventos de interdição de pista em menos de uma semana, todos ligados à operação de aeronaves de aviação geral na pista principal, tiveram como consequência dezenas de voos cancelados e de alternados para outros destinos, com impacto a milhares de passageiros”, escreveu.
“Cabe ainda destacar que [esses eventos] não constituem fato isolado. Em outubro de 2022, uma aeronave de pequeno porte (PP-MIX) realizava pouso na pista principal, por volta das 13h30, quando o pneu do trem de pouso traseiro estourou e o avião ficou rente ao barranco no final da pista. Naquela ocasião, a pista foi liberada para pousos e decolagens apenas às 22h18 (quase 9h de interdição).”