SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dia após Israel sofrer o pior ataque em 50 anos e revidar com bombardeios na Faixa de Gaza, o número de mortos nos dois lados aumentou para 663 neste domingo (8), de acordo com autoridades. Novas explosões foram registradas, e o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, anunciou a retirada de milhares de pessoas que moram próximas do território controlado pelo grupo extremista Hamas.
Em Gaza, ao menos 313 pessoas, incluindo 20 crianças, foram mortas nas ações israelenses. Outras 2.000 ficaram feridas, de acordo com o ministério da Saúde palestino. Em Israel, o número de mortes chegou a 350 e o de feridos, a 2.048. Mais sete pessoas morreram na Cisjordânia.
Cerca de mil combatentes do Hamas, facção que controla a Faixa de Gaza, se infiltraram por terra, mar e ar em solo vizinho no sábado (7). A ação, sem precedentes, foi acompanhada dos disparos de milhares de mísseis contra Israel. Neste domingo, após Netanyahu declarar guerra, o conflito alastrou-se: militares israelenses relataram que mais morteiros foram disparados do Líbano contra o norte do país.
O grupo armado Hizbullah assumiu a autoria dos ataques e manifestou “solidariedade” ao povo palestino. A ação teve como alvo três postos militares nas Fazendas Shebaa, uma fatia de terra ocupada por Israel desde 1967 que o Líbano reivindicou como sua.
As forças israelenses responderam com ataques de artilharia contra o Líbano e uma ofensiva de drones a um posto do Hizbullah próximo da fronteira. Não houve relatos de vítimas. A milícia libanesa Hizbullah (partido de Deus, em árabe) surgiu em 1985 como um movimento de resistência a Israel, que àquela época ocupava o sul do Líbano.
“Nossa história, nossas armas e nossos mísseis estão com vocês. Tudo o que temos está com vocês”, disse Hashem Safieddine, um alto funcionário do Hizbullah, em solidariedade aos combatentes palestinos.
Um porta-voz militar israelense disse que operações estavam acontecendo em oito áreas ao redor de Gaza neste domingo. A cidade amanheceu com fumaça preta, flashes de cor laranja e faíscas no céu devido às explosões. Drones israelenses podiam ser ouvidos pelos moradores
Depois de uma reunião noturna com o gabinete de segurança de Israel, o governo anunciou que o objetivo da operação em Gaza era destruir as “capacidades militares e de governo do Hamas e da Jihad Islâmica de uma forma que impediria a sua capacidade e vontade de ameaçar e atacar os cidadãos de Israel durante muitos anos”. A Jihad Islâmica tem como objetivo a criação de um Estado palestino islâmico e a destruição de Israel por meio de uma guerra santa.
“Estamos embarcando numa guerra longa e difícil que nos foi imposta por um ataque assassino do Hamas”, afirmou Netanyahu em comunicado. Ato contínuo, o Exército de Israel anunciou que vai retirar milhares de pessoas que moram perto da Faixa de Gaza.
O papa Francisco apelou ao fim da violência neste domingo, dizendo que o terrorismo e a guerra não resolveriam quaisquer problemas, mas apenas trariam mais sofrimento e morte a pessoas inocentes. “A guerra é uma derrota, apenas uma derrota. Rezemos pela paz em Israel e na Palestina”, afirmou o pontífice no seu discurso semanal aos fiéis na Praça de São Pedro.
Ao lançar o ataque no sábado, o Hamas disse que a ofensiva foi motivada pelos “ataques crescentes” de Israel contra os palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém e contra os palestinos nas prisões israelenses. O comandante militar do grupo, Mohammad Deif, convocou os palestinos de todo o mundo para lutar.
Considerado terrorista pelos Estados Unidos e boa parte dos países europeus, o Hamas prega a destruição de Israel em seu estatuto. Foi criado em 1987, após o início da primeira intifada, levante palestino contra forças israelenses.
A escalada surge num contexto de violência crescente entre Israel e militantes palestinos na Cisjordânia ocupada por Israel, onde uma autoridade palestina exerce um governo limitado, à qual se opõe o Hamas.