Os comerciantes brasileiros ficaram menos otimistas em agosto, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) recuou 1,8% em relação a julho, para 124,0 pontos, na comparação com ajuste sazonal, o primeiro recuo após quatro meses seguidos de altas. Na comparação com agosto de 2021, o indicador subiu 7,8%.
Segundo a CNC, os varejistas mostraram-se cautelosos em agosto, apesar da injeção de recursos do Auxílio Brasil.
Na passagem de julho para agosto, o componente que avalia as Condições Atuais do Empresário do Comércio recuou 2,3%, para 107,3 pontos, com piora nos três quesitos: economia (-2,5%), setor (-2,8%) e empresa (-1,8%).
O componente que mede as Expectativas do Empresário do Comércio teve uma queda de 2,4%, para 153,0 pontos, com perdas também nos três quesitos: economia (-3,1%), setor (-2,5%) e empresa (-1,7%).
O componente que mostra as Intenções de Investimentos caiu 0,5%, para 111,7 pontos, com reduções nos itens contratação de funcionários (-1,3%) e estoques (-1,0%), mas avanço no item empresa (0,9%).
Para a CNC, a inflação e os juros altos têm atuado como limitadores do poder de compra das famílias, principalmente entre as de menor renda, a despeito da injeção de recursos na economia e no comércio derivada das medidas extraordinárias de governo e da recuperação do emprego.
“Os níveis de endividamento e inadimplência mais elevados do que nos anos anteriores, especialmente entre as famílias de rendas média e baixa, também podem reduzir o impacto positivo no comércio das maiores transferências de renda”, apontou a CNC, em nota.
O levantamento mostrou piora nas expectativas para o desempenho do comércio em todas as regiões do País, o que não ocorria desde o período entre março e abril de 2021, quando o Brasil atravessava a segunda onda da covid-19, apontou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC.
Embora as expectativas dos comerciantes da Região Norte apresentem o porcentual mais elevado, aos 165,8 pontos (em que uma escala de 0 a 200 pontos), o indicador teve a maior queda regional, com redução de 3,3% em agosto ante julho.
“A diminuição das expectativas desses lojistas para os próximos meses ocorreu mesmo com seus negócios situados nos Estados onde estão sendo pagos os maiores valores do Auxílio Brasil em comparação às demais regiões, que, conforme dados do mês passado do Ministério da Cidadania, foram em média de R$ 445 por beneficiado”, observou Izis Ferreira, em nota oficial.
A segunda maior queda das perspectivas para o comércio ocorreu entre os empresários da Região Sudeste, -3%, a despeito de a região englobar três dos cinco estados com maior número de famílias beneficiadas pelo atual programa de transferência de renda: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
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