De acordo com um estudo da FATECE (Faculdade de Tecnologia, Ciência e Educação), o Transtorno Opositor Desafiador (TOD) é um transtorno neuropsíquico de comportamento destrutível, com apresentação de comportamentos que fazem mal a própria criança e aos outros com ela convivem. Em sua grande maioria, as crianças com TOD, apresentam um padrão negativista, desobediente e de desafio com pessoas de autoridade, como professores e responsáveis, resultando em inúmeros aspectos negativos no que se refere ao desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
Para a psicóloga e neuropsicopedagoga Deise Moraes Saluti, o Transtorno Opositor Desafiador é um desafio também muito grande aos pais. “Eles muitas vezes não impõem limites por medo, por não achar justo o filho passar vontade, por não regular o impulso de aceitar tudo que o filho pede para não o frustrar, enfim, é desafiador quando a criança ou o adolescente percebe essa brecha ou facilidade para ‘conseguir o objeto de desejo’”, conta.
Ele cita o caso da menina de 20 anos que exigiu que a mãe comprasse o IPhone 15 em um shopping, e a mãe por se recusar a aderir as vontades da filha, presenciou uma cena de TOD da adolescente como uma criança de 5 anos fazendo birra por um brinquedo, em que se debatia no chão. “Nessas características de comportamentos fica claro a necessidade dos pais de impor limites e regras em todo tempo necessário. Se a criança reagiu com agressividade ou descontrole emocional, os pais precisam agir imediatamente. Sentar-se com essa criança, apresentar-lhes os motivos nos quais não é possível atender ao pedido, dizer o quanto isso pode prejudicar e enquanto houver resistência, não atender aos pedidos”, explica.
Quanto aos sinais do TOD, Deise ressalta que adulto com o papel de educar ou cuidar dessa criança devem sempre estar atentos ao comportamento e aos impulsos que essa criança costuma reagir com outras crianças ou com adultos. “É preciso intervir com maturidade e sabedoria para que a criança compreenda a necessidade do autocontrole em casos de negação ou frustração vindas de outras pessoas. E para que haja um bom relacionamento quando precisar dividir um brinquedo ou um alimento, saber respeitar a todos. Também é preciso saber se essa criança não está passando por questões de traumas ou abalos psicológicos dentro de casa. Tudo precisa ser investigado para que não haja erro no momento do diagnóstico”, fala Saluti.
Como tratar o TOD?
A psicóloga esclarece que é necessário fazer um acompanhamento psicológico e neurológico pediátrico para detectar comportamentos ou emoções desreguladas.
“A criança ou o adolescente necessita desse acompanhamento para entender e compreender melhor seu papel em sociedade e em suas interações diárias, assim como suas reações e necessidades, e não partir para uma fase adulta cheia de problemas de enfrentamento. Crianças que não lidam bem com frustrações são adultos insatisfeitos com a própria vida e possuem dificuldade de se relacionar com quem quer que seja”.
Segundo a profissional, tudo precisará ser voltado às suas necessidades, assim como sempre foi em sua infância. “Então, para que isso seja naturalmente evitado, entrar com mediações psicológicas e se necessário medicamentosa”, aponta.
Para ela, tratamentos assertivos são a psicoterapia infantil com atividades de arteterapia e trabalhos psicoterapêuticos como, por exemplo, o controle de suas atividades e as recompensas em suas boas atitudes. “Um bom trabalho a fazer é um quadro com tarefas e recompensas. E, claro, se existe recompensa, existe punição. Necessário os pais aprenderem a punir de forma segura e com o amparo da psicologia. Em alguns casos mais graves de agressividade ou automutilação, é preciso um psiquiatra infantil para a administração de medicamentos”.
Por fim, Deise cita a importância do apoio familiar para essas crianças. “O Transtorno Opositor Desafiador pode ter origens de desamparo ou de insegurança dessa criança. Se essa criança se sentir desamparada, ela pode reagir com agressividade ou indiferença sempre quando lhe for colocado limites. A família precisa aprender a conviver com a criança portadora desse transtorno. Precisa aprender a acolher sempre que necessário, em crises de histeria ou raiva, que são características também de crianças com TOD”, finaliza.