SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com mais de 100% de ocupação, o Hospital Israelita Albert Einstein já iniciou os procedimentos para reabrir o hospital de campanha com leitos de UTI no estacionamento da unidade, afirmou à reportagem Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
O hospital chegou, nesta quinta-feira (11), à ocupação geral de 104%. São, pelo menos, 206 pessoas internadas com Covid-19, das quais 103 estão na UTI.
As medidas para levantar novamente o hospital de campanha, com 30 vagas de UTI, já foram iniciadas, mas ainda não há uma data para o início do funcionamento.
Na primeira onda da Covid também houve a construção desse tipo de equipamento de saúde no estacionamento do hospital. As vagas, então, foram usadas por pacientes que pioraram no hospital de campanha do Pacaembu, que era comandado pelo Einstein.
No dia 26 de fevereiro, o Einstein também chegou a ter 104% de ocupação, mas, àquela altura, eram 141 internados com a doença, 70 na UTI. Nos dias que se seguiram, ao mesmo tempo em que a ocupação arrefeceu um pouco, o número de pacientes que necessitavam de atendimento intensivo foi aumentando quase que continuamente.
“Alguns pacientes estão aguardando a internação no pronto-atendimento, onde existe uma ala de internação. Às vezes têm pacientes na recuperação pós-anestésica esperando leitos”, diz Klajner. “Hoje, pela primeira vez, comunicamos uma limitação do agendamento cirúrgico para casos adiáveis, concentrando os procedimento em um centro cirúrgico”, diz. O outro centro cirúrgico do hospital será destinado a pacientes com Covid.
O hospital, porém, ainda tem capacidade de receber mais pacientes. Klajner afirma que o Einstein tem conseguido ampliar rapidamente os leitos de UTI disponíveis para uso por pacientes com Covid e transformar áreas “não Covid” em exclusivas para Covid –há necessidade de cuidados sanitários para evitar a contaminação de pessoas saudáveis.
Segundo o médico, o hospital consegue transformar um leito em UTI em cerca de pouco mais de duas ou três horas. “Por incrível que pareça, é de uma hora para outra. Essa infraestrutura foi construída no ano passado.”
A possibilidade de transformação veloz de leitos e manejo adequado dentro do Einstein, porém, contrasta com a realidade de outras instituições de saúde, onde o excesso de pacientes resulta em pessoas sendo atendidas em corredores ou em macas do Samu.
Ainda em 2020, diz Klajner, ao ver o colapso hospitalar na Itália, o Einstein passou a se preparar, com compra de respiradores e disponibilização de profissionais de saúde, para transformar até 300 leitos (dos cerca de 610) em UTI.
Até o momento, segundo o presidente da sociedade beneficente, o hospital transformou leitos da recuperação pós-anestésica em UTI e transferiu a área de imunização para que ela seja usada para internação de casos moderados e leves. Além disso, a área da quimioterapia e boxes administrativos também foram deslocados para dar lugar a mais leitos.
“A ocupação da UTI em 100% não quer dizer que um paciente que precise de UTI não vai ter seu leito, graças a essa capacidade”, afirma Klajner. “Eu rezo para que nos próximos dez dias consigamos ter os benefícios das medidas mais rígidas e não esgotemos a capacidade.”
Além do lento processo de vacinação e da falta de uma liderança –ambos elementos que poderiam ajudar a conter a crítica situação atual–, para Klajner a sociedade precisa fazer o que deixou de fazer, ou seja, seguir protocolos básicos de distanciamento, evitar ao máximo sair de casa e usar constantemente máscara.
“Muito se fala do papel do jovem, mas vemos falta de exemplo dentro das suas próprias casas”, afirma o médico.
Outros hospitais particulares da elite paulistana também estão lotando ou têm elevados índices de ocupação.
O Sírio-Libanês tem nesta quinta-feira 217 pacientes internados com Covid-19, 62 deles na UTI. A taxa de ocupação geral do hospital, considerando todos os leitos, inclusive os que não são para Covid, está em 92%. Para se ter uma ideia, na segunda-feira (8), havia 51 internados em UTI com Covid e a ocupação total era de 88%.
Em conversa com investidores do Itaú na quarta (10), o CEO do hospital, Paulo Chapchap, afirmou que a instituição já negou pedidos de transferência para 36 pacientes. “Não quero ser alarmista, mas estamos perto de um colapso”, disse.
Em nota, a assessoria do hospital afirmou que “tem registrado nas últimas semanas um aumento expressivo na procura por assistência médico-hospitalar de pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19” e que por isso decidiu suspender por 15 dias procedimentos eletivos, além de exames ambulatoriais de polissonografia e eletivos de colonoscopia, endoscopia digestiva alta e broncoscopia.
O hospital afirmou, porém, que os demais atendimentos estão mantidos, inclusive os de urgência no pronto-atendimento. O Sírio-Libanês disse que está ampliando a oferta de leitos de acordo com a demanda.
O São Camilo, outro hospital privado em São Paulo, informou que as UTIs já estão lotadas. Em enfermarias, a ocupação está em 93%. No total, há 305 pacientes internados na instituição, que diz que está abrindo novos leitos para suprir a alta demanda.
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz tem nesta quinta-feira 63 pacientes com Covid-19 na UTI (97% de ocupação) e outros 103 em outras unidades de internação (93% de ocupação). A ocupação geral do hospital, incluindo pessoas com outras doenças, está em 91%.
Já o Hcor (Hospital do Coração) tem nesta quinta 89% de ocupação de leitos de UTI e enfermaria. Considerando leitos dedicados exclusivamente à Covid-19, a ocupação sobe para 92%. Há na instituição 99 pacientes internados com a doença (três deles com suspeita), sendo 68 em enfermarias e 31 em UTI. O hospital diz que viu crescer em 79% a ocupação nos últimos 14 dias.
Os hospitais públicos também estão com ocupação alta. Em todo o estado de São Paulo, a ocupação de leitos UTI Covid é de 86,7% nesta quinta-feira, e de enfermarias, 71,9%.
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