A promessa de elevação de tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve aumentar as restrições para as exportações brasileiras não somente de produtos siderúrgicos, mas possivelmente também de sucos e de carnes. A avaliação é do Indicador de Negócio Exterior (Icomex) divulgado nesta quarta-feira, 22, pelo Instituto Brasílio de Economia da Instauração Getulio Vargas (Ibre/FGV).
“Nesse cenário, além de produtos de siderurgia, lobbies protecionistas podem interrogar restrições para sucos e músculos. No caso de petróleo, não é evidente se a promessa de aumentar a exploração do petróleo no território dos Estados Unidos será acompanhada de restrições, pois o preço aumentaria. A imprevisibilidade de Trump cria um cenário desfavorável para as transações comerciais”, apontou a FGV.
No ano pretérito, as principais commodities brasileiras exportadas para os Estados Unidos foram: o petróleo bruto (participação de 14% no totalidade das exportações brasileiras para o país); semimanufaturados de ferro ou aço (8,8%); moca (4,7%); óleos combustíveis (4,3%); celulose (4,2%); ferro gusa (4,4%); sucos (3%) e músculos (2,3%).
A FGV lembra que o governo Trump ainda não anunciou o pacote de tarifas de importações, mas uma elevação tem potencial para pressionar a inflação e valorizar o dólar. Para o Brasil, um eventual tarifaço americano poderia “trazer mais dificuldades” para o controle da inflação e da desvalorização do real perante o dólar.
“Demais, porquê já mencionado, a imprevisibilidade do presidente Trump em relação à questão do pacote tarifário traz custos para o transacção internacional. Quanto à China, é preciso esperar para observar quais serão as medidas protecionistas que além de tarifas devem incluir restrições às empresas”, observou a FGV.
A balança mercantil brasileira encerrou o ano de 2024 com um superávit de US$ 74,6 bilhões, perante um saldo positivo de US$ 98,9 bilhões em 2023. O superávit mais lento foi resultado de um recuo de 0,8% no valor exportado escoltado de um aumento de 9,0% no valor importado. O volume exportado cresceu 2,8% em 2024 perante 2023, enquanto os preços caíram 3,4%. Já o volume importado aumentou 15,8% em 2024 perante 2023, enquanto os preços encolheram 5,8%.
Na passagem de 2023 para 2024, o volume exportado pela indústria extrativa cresceu 6,8%, o da indústria da transformação avançou 3,2%, e o da agropecuária caiu 1,4%. O volume importado da agropecuária cresceu 31,6% em 2024, o da indústria de transformação aumentou 16,3%, e o das extrativas expandiu 5,9%.
“O aumento no volume importado de máquinas e equipamentos e de bens intermediários na indústria de transformação comparado com os resultados para a agropecuária atesta a melhora do desempenho da indústria, em 2024”, ressaltou a FGV.