SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A corrida para entregar produtos na casa do cliente cada vez mais rápido deve ser acelerada com a expansão das dark stores, pequenos centros para abastecer serviços de comércio eletrônico espalhados nas cidades.
Lançada no início do ano, a startup Daki possui dez desses espaços em São Paulo e espera chegar a cem ainda em 2021, incluindo uma expansão para o Rio de Janeiro. A companhia promete fazer entregas em, no máximo, 15 minutos.
O serviço também é uma aposta do aplicativo de entregas colombiano Rappi. A startup diz contar com 34 lojas no formato nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e quer fechar o ano com 150 unidades. A meta é fazer entregas em até dez minutos para consumidores que usarem a opção Turbo.
As dark stores das empresas armazenam bens de consumo comuns em supermercados. Dentro delas, profissionais das empresas percorrem os corredores do espaço para selecionar os produtos adquiridos e levá-los aos entregadores. O raio de atuação da loja considera a distância que é possível percorrer sem estourar a meta de agilidade.
A Rappi diz que a tecnologia que precisou ser desenvolvida para a dark store integra em tempo real o estoque dela com o que é apresentado ao usuário de seu aplicativo. Ela também direciona o profissional responsável por pegar o pedido na loja para que ache o produto rapidamente e consiga embalar o pedido em até três minutos.
Rafael Vasto, um dos fundadores da startup, diz que, em vez de usar a estratégia de marketplace comum no delivery por apps, em que o aplicativo conecta o consumidor a lojas de terceiros, a Daki monta os espaços e cuida do abastecimento deles para dar mais velocidade à operação.
Entre os problemas do marketplace, segundo Vasto, estão a dificuldade de ter acesso aos estoques dos supermercados onde as compras são feitas. Com isso, perde-se tempo e muitas vezes o entregador precisa entrar em contato com o cliente para providenciar uma substituição.
“Há muita ineficiência enquanto o cliente espera uma solução rápida”, diz.
As dark stores da Daki contam com cerca de mil produtos diferentes, volume muito menor do que o de um mercado, dizem os sócios da empresa. A Rappi afirma que, ao todo, suas dark stores têm 1.500 itens. A busca é por portifólio enxuto, mas muito bem acurado.
Alex Bretzner, também fundador da companhia, diz que a ideia é ter poucos produtos, mas selecioná-los bem, de acordo com o comportamento de compra identificado em cada região pela startup. Para a companhia, faz mais sentido ter duas marcas de molho de tomate que saem mais do que oferecer muita variedade e perder eficiência, afirma.
Apesar de jovem, a Daki possui um sócio internacional, a startup Jokr, que tenta desenvolver o mesmo mercado nos Estados Unidos, na América Latina e na Europa.
A companhia foi criada pelo alemão Ralf Wenzel, que fundou e vendeu o aplicativo de delivery foodpanda para o concorrente Delivery Hero. Assim como o Rappi, a Jokr tem o conglomerado japonês Softbank como um dos investidores.
A Daki não informa qual a participação societária da Jokr em seu capital. Vasto diz que, com o mercado de startups aquecido, decisões que antes os empresários demoravam anos para ter de tomar agora são necessárias mais cedo.
Se a companhia, hoje com cem funcionários, conseguir cumprir a meta de crescer quase dez vezes neste ano em número de unidades, será a segunda experiência de avanço acelerado de seu trio de fundadores.
Antes de iniciar a startup, eles foram responsáveis por trazer para o Brasil a startup indiana Oyo Hotéis, outro empreendimento investido pelo Softbank. O grupo contratou 1.200 pessoas em 2019 e, no ano seguinte, desmontou a operação, atingida em cheio pela pandemia da Covid-19, conta Vasto.
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