WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, disse nesta terça-feira (6) que sua previsão é que os EUA voltem ao pleno emprego e aos investimentos de longo prazo em 2022, após diversos planos de ajuda financeira à população mais vulnerável do país. De acordo com a economista, longos períodos de desemprego podem trazer “severas cicatrizes” e o apoio a minorias e a pessoas mais pobres -geralmente as mais atingidas pela crise- é fundamental para a retomada econômica.
“Decidimos ir grande porque os riscos são de cicatrizes severas se permitirmos que haja desemprego de longa duração, e estamos projetando uma recuperação rápida. Tenho esperança de que estejamos de volta ao pleno emprego no ano que vem e, assim que o fizermos, voltaremos para uma agenda de investimento de longo prazo.”
Yellen disse que as medidas tomadas internamente pelo governo Joe Biden, como a aprovação do pacote de alívio econômico no valor de US$ 1,9 trilhão, vão também ajudar na retomada mundial, mas destacou que os países precisam trabalhar juntos para criar um sistema financeiro mais resiliente para encarar crises futuras.
“Para mim, uma das lições da crise é que o sistema global deveria ter aprendido que precisamos estar melhor preparados para crises do que estávamos para esta. Como vimos nos EUA, nossa rede de segurança não era tudo o que deveria ser para proteger os cidadãos mais vulneráveis.”
Após um ano de pandemia, os EUA registraram em março uma taxa de desemprego de 6%, bem menor que o pico de abril do ano passado, quando atingiu 14,7%, mas ainda longe do nível pré-pandemia, na casa dos 3,5%.
“Acho que o que estamos fazendo internamente é útil para toda a comunidade global. Um crescimento mais forte nos EUA vai se espalhar positivamente para todo o panorama mundial”, afirmou Yellen.
A secretária do Tesouro americano participou do mais importante painel desta terça durante as reuniões de primavera do FMI (Fundo Monetário Internacional), ao lado da diretora-geral da instituição, Kristalina Georgieva.
As duas debateram presencialmente -na sede do Fundo, em Washington- os caminhos para uma recuperação econômica em direção a um futuro verde, resiliente e inclusivo. O evento seguiu as regras de distanciamento social e foi transmitido ao vivo, com mediação do presidente do Banco Mundial, David Malpass.
Kristalina, por sua vez, repetiu a necessidade de colaboração entre as nações para a distribuição das vacinas de maneira mais justa. O FMI tem destacado durante os encontros desta semana que, apesar de o fim da crise estar visível -com melhores projeções de crescimento este ano-, o crescimento não é equilibrado, porque o acesso às vacinas é desigual entre países pobres e ricos.
“Aumentamos as projeções para o ano, mas as retomadas estão divergindo perigosamente”, afirmou a diretora-geral do Fundo. “Estamos focados em dar uma vacinação mais justa, e também uma chance para que todos tenham uma vida melhor.”
Nesta terça, o FMI divulgou o relatório Panorama Econômico Mundial, que revisou a projeção de crescimento da economia global em 2021 de 5,5% para 6%, e ajustou a estimativa para o Brasil de 3,6% para 3,7%.
Yellen e Kristalina também falaram sobre mudanças climáticas, assunto que foi levado por Biden ao centro de discussão da Casa Branca.
Assim como o presidente americano, Yellen chamou o tema de “um problema global” e disse que países como os EUA -segundo maior emissor de gases do efeito estufa, atrás apenas da China- precisam agir internamente para, depois, repassarem recursos para as nações menos desenvolvidas.
“Não seremos capazes de lidar com emissões de gases de efeito estufa com sucesso ao menos que países como os Estados Unidos atuem internamente e, em seguida, promovam a transferência de recursos no financiamento necessário para os países em desenvolvimento sejam capazes de também fazer isso com sucesso.”
Yellen disse que é preciso assegurar ajuda para que os países mais pobres “cumpram suas metas climáticas.”
“E a disponibilidade de financiamento verde é fundamental para isso.”
Por ordem da Casa Branca, o Tesouro americano, junto com o Departamento de Estado e as agências para desenvolvimento e cooperação internacional -nas siglas em inglês, USAID e DFC-, está desenvolvendo um programa para a proteção da Amazônia, por exemplo.
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