SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, protagonizou um embate diplomático com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no domingo (27) depois não concordar receber aviões militares com colombianos deportados do território americano. Um movimento bastante semelhante, no entanto, já trouxera 14.226 cidadãos ao território de Petro em 2024, segundo dados do órgão migratório do país.

 

Durante o governo de Joe Biden, muitas foram as viagens que deportaram os colombianos de volta ao seu país de origem. Segundo estudo do jornal El Tiempo, no entanto, a decisão de barrar os aviões de Trump, dessa vez, parece ser revérbero mais da troca política americana e do indumento dos aviões, para além das condições degradantes, serem militares, não civis.

Ainda em 2024, com a liderança de Biden, o governo de Petro também chegou a reclamar em casos pontuais quanto às situações a que eram expostos os imigrantes deportados -as queixas, no universal, foram sobre maus-tratos nos abrigos americanos e condições de voos ruins. O governo não chegou, no entanto, ao ponto de recusar recebê-los.

Por um lado, especialistas ouvidos pelo jornal colombiano afirmam se tratar de uma mera questão política já que Petro estaria “protestando e fazendo estrondo” somente agora com o governo de Trump.

Por outro, no entanto, analistas argumentam sobre o contexto em que os voos acontecem e a maior precariedade do processo. Segundo eles, a estigmatização e o racismo presentes nos posicionamentos de Trump agregam uma postura antilatinos. Aliás, o indumento de terem sido trazidos em aviões militares abriria um precedente inédito e pioraria a situação.

Petro, ao se contrapor à fala de Trump, neste domingo, afirmou que seu governo nunca se recusou a receber imigrantes. Reforçou, no entanto, que a situação era dissemelhante: “Não exija que eu receba deportados dos EUA algemados e em aviões militares. Não somos colônia de ninguém”.

Na resposta a Trump, publicada em seu perfil no X, o colombiano escreveu um texto repleto de referências históricas e críticas ao país americano. “Um migrante não é um criminoso e deve ser tratado com a pundonor que um ser humano merece”, acrescentou Petro.

Houve uma troca de insultos e ameaças de retaliações econômicas e diplomáticas. Poucas horas depois o desentendimento, no entanto, os governos chegaram a um tratado sobre as deportações.

Depois dos governos já terem afirmado que voltariam detrás com as possíveis tarifas -declaradas primeiro por Trump e, em resposta, também por Petro– e que tinham um tratado quanto aos voos de imigrantes, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, expressou escora ao colombiano dizendo que Petro “pode narrar com a experiência e a força do povo venezuelano”.

Em uma publicação em seu meato no Telegram, Maduro afirmou: “Estaremos sempre juntos, Colômbia e Venezuela, em tranquilidade e diálogo profundo”. Segundo o ditador, a América Latina e o Caribe devem solidificar sua independência e edificar a prosperidade de seus povos.

Em seu texto inicial, Petro já havia dito a Trump: “A Colômbia a partir de hoje se abre para todo o mundo, de braços abertos. Somos construtores de liberdade, vida e humanidade”.