SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O furacão Chido, que durante o término de semana devastou o território francesismo de Mayotte, no Oceano Índico, deixou ao menos 34 mortos em Moçambique, anunciaram nesta terça-feira (17) autoridades do país africano.

 

De conciliação com o Instituto Vernáculo de Gestão de Riscos e Desastres, a tempestade atingiu a província de Cabo Franzino, no setentrião de Moçambique, no último domingo (15), matando 28 pessoas. Seis pessoas morreram nas províncias vizinhas de Nampula e Niassa e outras sete teriam morrido no país vizinho Maláui.

Imagens de drones da província de Cabo Franzino, a mais afetada em Moçambique, mostraram casas de palha arrasadas perto da praia e pertences pessoais espalhados sob as poucas palmeiras ainda de pé. O incidente se soma à crise humanitária que a região já enfrentava devido a uma insurgência islâmica.

Em Mayotte, o número de vítimas segue incerto. Em entrevista a uma rádio nesta terça, o prefeito da capital do território, Ambdilwahedou Soumaila, afirmou que pelo menos 22 pessoas morreram e mais de 1.400 ficaram feridas em decorrência do evento climatológico.

O balanço solene mais recente, no entanto, fala em 21 mortos. Nenhum dos dois dá a dimensão da tragédia, segundo autoridades locais, que falam na possibilidade de centenas de mortos -número que só poderá ser verificado nos próximos dias, quando os escombros forem removidos e as estradas forem reabertas.

“O balanço será sobranceiro, muito sobranceiro”, afirmou o ministro do Interno da França, Bruno Retailleau. Funcionário de mais sobranceiro escalão do governo a visitar a ilhota depois o furacão, ele disse que Mayotte está “completamente devastada” e que 70% dos seus habitantes foram afetados.

Segundo Soumaila, a preocupação atual é com o caos que pode se instalar depois a devastação. “A prioridade hoje é chuva e comida”, disse o prefeito da capital da ilhota. Ele citou ainda o risco de doenças e o aumento da criminalidade devido à falta de vontade. “Os corpos estão começando a se dissociar, o que pode gerar um problema sanitário.”

Retailleau anunciou que, nos próximos dias, 400 policiais devem chegar a Mayotte para substanciar a equipe de 1.600 guardas e policiais já presentes no território. Outrossim, a França impôs um toque de recolher das 22h às 4h locais para evitar saques -que, segundo o ministro, ainda não ocorreram.

Patrice Latron, representante do governo de Réunion, outro território francesismo na região, disse que, a partir desta terça, ao menos 20 toneladas de comida e chuva serão enviadas em aviões para Mayotte diariamente, e que pelo menos dois navios transportariam contêineres com mantimentos no final da semana.

O sinistro rapidamente se transformou em um debate político sobre transmigração e crise climática na França, altamente polarizada.

Território ultramarino mais pobre do país europeu, a ilhota se tornou um reduto para o partido de ultradireita Reunião Vernáculo. No segundo vez das eleições presidenciais de 2022, 60% da população lugar votou em Marine Le Pen.

O fenômeno é fruto da irritação de muitos dos residentes de Mayotte com a imigração proibido e a inflação. Mais de três quartos de seus muro de 321 milénio habitantes vivem em relativa pobreza, e estima-se que muro de um terço sejam migrantes sem documentos, a maioria dos vizinhos Ilhas Comores e Madagascar.

O ministro do Interno Retailleau, do partido conservador Republicanos, disse em uma entrevista coletiva em Mayotte que o sistema de alerta de desastres funcionou “perfeitamente”, mas muitas das pessoas sem documentos não foram para os abrigos designados, possivelmente por terror de serem presos.

O impacto do furacão, disse ele em um post na rede social X, mostrou a premência de abordar “a questão migratória”. “Mayotte é o símbolo do meandro que os governos permitiram que tomasse conta dessa questão”, afirmou. “Precisaremos legislar para que em Mayotte, assim porquê em todo o território pátrio, a França retome o controle de sua imigração.”

Políticos de esquerda, no entanto, afirmam que o sinistro é resultado do descaso do governo com Mayotte e da falta de preparo para as mudanças climáticas.

“Ele poderia ter questionado o papel das mudanças climáticas na produção de desastres climáticos cada vez mais intensos. Ele poderia ter se manifestado contra a pobreza extrema que torna as pessoas mais vulneráveis aos ciclones”, disse o presidente do Partido Socialista, Olivier Faure, na mesma rede social. “Não, ele retomou sua cruzada contra os migrantes.”

O primeiro-ministro nomeado na semana passada, François Bayrou, enfrentou críticas por ir à cidade de Pau, onde é prefeito, para participar de uma reunião do recomendação municipal nesta segunda, em vez de visitar Mayotte. Em seguida uma reunião de emergência do gabinete nesta segunda, Macron afirmou que visitaria a ilhota nos próximos dias.

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