(FOLHAPRESS) – A China simulou um bloqueio aéreo a Taiwan com munição real nesta segunda-feira (10), terceiro e último dia em que promove exercícios militares ao redor da ilha em represália à viagem da presidente Tsai Ing-wen aos Estados Unidos na semana passada.
Os exercícios não só geraram novos atritos com Washington, que enviou um destróier para um trecho do Mar da China Meridional reivindicado por Pequim como uma forma de provocação, como preocupou países próximos, que temem que a disputa se espraie pela região.
Os treinamentos haviam começado no sábado (8), três dias depois do encontro entre Tsai e o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy, em Los Angeles. O republicano foi o político mais importante a se encontrar com um líder taiwanês em solo americano desde que a Casa Branca restabeleceu relações diplomáticas com a China, em 1979.
A reunião foi vista como uma provocação pelo regime de Xi Jinping, que considera Taiwan uma província rebelde e parte inalienável de seu território. Repetindo a mesma estratégia que usou em agosto passado, quando a então presidente da Câmara americana Nancy Pelosi desencadeou uma crise diplomática entre as duas potências ao visitar Taipé, a China deu início então a uma série de treinamentos militares -“uma advertência severa contra o conluio entre as forças separatistas que buscam ‘a independência de Taiwan’ e as forças externas”, nas palavras do porta-voz do Exército chinês, Shi Yin.
Nesta segunda, Wang Wenbin, um dos representantes do Ministério das Relações Exteriores da China, reforçou o recado ao advertir que “a independência de Taiwan e a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan são coisas mutuamente excludentes”.
Mesmo que não tenha alcançado a dimensão dos exercícios daquela ocasião -quando os mísseis balísticos lançados por Pequim chegaram a sobrevoar a ilha antes de cair nas águas, o que só havia ocorrido uma vez-, a simulação de bloqueio desta segunda foi ainda assim uma grande demonstração de força.
O Ministério da Defesa taiwanês afirmou ter identificado 59 aeronaves militares e 11 navios chineses ao redor de seu território. Entre os equipamentos, estavam bombardeiros H-6 com capacidade nuclear e o porta-aviões Shandong.
Tsai criticou o cerco, que descreveu como um exemplo do “contínuo expansionismo autoritário” chinês, e afirmou que Taipé “continuará trabalhando com os Estados Unidos e outros países para defender os valores da liberdade e da democracia”.
Já Washington foi além da retórica e enviou o destróier USS Milius para uma área em disputa no Mar da China Meridional. A embarcação circulou perto das ilhas Spratly, arquipélago situado a 1.300 quilômetros de Taiwan e reivindicado por China, Taiwan, Filipinas, Vietnã, Malásia e Brunei, e foi chamada de “ilegal” por Pequim.
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