Um chimpanzé, de 38 anos, que foi raptado quando era bebê e criado por um ‘barão da droga’, viveu, durante os últimos dois anos, sozinho no Bioparque Ukumari, um jardim zoológico em Pereira, na Colômbia, mas agora foi transferido para o Brasil, onde se juntará a outros macacos, da mesma espécie, num santuário em Sorocaba, São Paulo.

 

Depois de ter sido retirado do ‘barão da droga’, Yoko foi viver no Bioparque Ukumari, onde tinha a companhia de outros animais mas, em 2023, perdeu a última amiga, Chita, que fugiu do jardim zoológico com Pancho, o rival do chimpanzé. A dupla macacos acabou morta a tiro por soldados colombianos, por razões de segurança.

No domingo, Yoko viajou de avião para o Brasil, em uma transferência apelidada de Operação Arca de Noé, onde ficará no maior santuário de grandes espécies da América Latina.

Yoko usa talheres, joga bola e vê televisão. “Muito humanizado”

Quem cuidou do chimpanzé descreve-o como “muito humanizado”. Usa talheres, joga bola, vê televisão e até faz trabalhos artísticos com lápis de cera em papel e tela.

Os alimentos preferidos do macaco são doces e frango porque, quando vivia com o narcotraficante, cujo nome não foi divulgado, Yoko era alimentado com comida industrializada. É também por isso que atualmente tem apenas quatro dentes – os chimpanzés, tal como os humanos, têm 32.

Nos anos 1990 era comum os líderes das redes de narcotráfico terem animais exóticos como animais de estimação. Tigres, leões, hipopótamos e girafas estavam entre os preferidos destes criminosos.

O ‘barão da droga’ ensinou Yoko a fumar e a vestir roupas humanas, fazendo com que desenvolvesse uma doença de pele e perdesse parte do pelo.

“Yoko é um chimpanzé muito humanizado, o grau de domesticação é muito elevado. Basicamente ele comporta-se como uma criança”, explicou o veterinário Javier Guerrero à AFP.

Devido a estas características, os especialistas temem que o macaco tenha dificuldade em adaptar-se à vida com outros animais da mesma espécie. No santuário no Brasil há mais de 40.

“Yoko não é um chimpanzé no sentido estrito, ele é um animal que se identifica muito mais com os seres humanos. Para dar um exemplo: um sorriso é algo positivo para os humanos, mas para os chimpanzés é algo negativo e Yoko não entende esse tipo de comunicação”, afirmou o coordenador de treino animal do Bioparque Ukumari, Cesar Gomez.

Na natureza, o habitat natural, os chimpanzés morrem por volta dos 40 ou 50 anos. Caracterizam-se por serem animais sociais. Com bons cuidados em cativeiro podem viver até aos 60 anos.

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