Cerca de 9,4% da população da cidade de São Paulo vivem em favelas, segundo o Mapa da Desigualdade de 2022, lançado hoje (22) pela Rede Nossa São Paulo. O percentual chega a 32,7% no distrito da Vila Andrade, zona sul paulistana, e a 25,1% na Brasilândia, na zona norte. Entre os 96 distritos que compõe a capital paulista, apenas dez não têm famílias morando em assentamentos informais, sem infraestrutura e segurança jurídica.
Além da habitação, o levantamento compara diversos aspectos da qualidade de vida entre os diferentes bairros da cidade. O tempo de deslocamento no transporte público nos horários de pico da manhã variou de 73 minutos para os moradores de Marsilac, no extremo sul da capital, até 25 minutos, para as pessoas que vivem em Pinheiros, na zona oeste da cidade.
A idade média ao morrer varia 20 anos entre o distrito do Jardim Paulista, onde chega em 80 anos, e o Iguatemi, onde fica em 59,3 anos.
O percentual de mortes por covid-19 também mostra diferença relevante entre os bairros paulistanos. Em Marsilac, no extremo sul, 16,4% das mortes do ano passado foram causadas pela doença, número semelhante a de áreas classificadas entre as mais ricas da cidade, como Alto de Pinheiros (16,7%) e Moema (16,9%). No Jaguaré, na zona oeste, o percentual ficou em 30,8% e em Perus, na zona norte, em 30,2%.
As mortes por ação policial chegam a 8,1 para cada 100 mil habitantes no Brás, na região central, a 7,9 em Marsilac, extremo sul, e a 7,5 na Sé, no centro da cidade. Enquanto o Bom Retiro, na região central não tem nenhum registro na média entre 2019 e 2021, e o Itaim Bibi, na zona oeste, de apenas 0,3.
A República, no centro da cidade, tem 14,5 equipamentos públicos de cultura para cada grupo de 100 mil habitantes, o Butantã, na zona oeste, 11,2, mesmo número da Sé, também no centro. Outros 19 distritos na cidade não têm nenhum centro cultural, biblioteca ou teatro públicos, incluindo a Vila Sônia, na zona oeste, a Vila Medeiros, na zona norte, e Marsilac, na zona sul.
A urbanista Raquel Rolnik, que participou do debate após a apresentação dos dados, no Sesc Ipiranga, zona sul paulistana, ressaltou que “a desigualdade não é fruto da falta de planejamento, da falta de política urbana, mas da presença de políticas urbanas que geram desigualdade”.
Segundo ela, as políticas que vêm sendo desenvolvidas para o centro de São Paulo, em especial na região dos Campos Elíseos e na Sé, têm piorado as condições de vida das pessoas mais pobres.
“O conteúdo da política de infraestrutura e de investimento é o que provoca a vulnerabilização”, disse em referências às ações para o centro da cidade. Por isso, ela defende que, além de pedir investimentos, é necessário disputar quais serão os projetos efetivamente colocados em prática. “É absolutamente fundamental discutir o que será investido e como”, enfatizou.
A prefeitura de São Paulo foi procurada para comentar a pesquisa, mas ainda não respondeu ao pedido da reportagem da Agência Brasil.
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