BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Sob pressão para deixar o cargo, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tem assegurado sobrevida no cargo graças à sua amizade com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A garantia do apoio do mandatário, no entanto, dependerá da postura do bloco do centrão, que começa a dar mostras de incômodo com a permanência do general da ativa na pasta e aumentaram a pressão pela sua demissão.
Nesta segunda-feira (25), o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a abertura de um inquérito para investigar o ministro sobre o colapso de saúde em Manaus. Mesmo com a apuração, Bolsonaro disse a assessores palacianos que não pretende neste momento mudar o comando da Saúde.
Além da cúpula militar, para a qual a saída do ministro evitaria desgaste maior para a imagem das Forças Armadas, a articulação política do governo avalia que caso o bloco do centrão apoie a abertura de uma CPI da Pandemia a permanência do general na Saúde se tornará insustentável.
Para auxiliares do governo, a saída do general do Exército tornou-se uma boa saída para Bolsonaro.
O diagnóstico é que o afastamento pode servir tanto de argumento contra a instalação da comissão de inquérito como de justificativa para evitar a instauração de um processo de impeachment.
Segundo relatos feitos à reportagem, integrantes do centrão fizeram chegar ao Palácio do Planalto a opinião de que o desgaste de imagem de Pazuello virou um incômodo até mesmo para deputados simpáticos ao governo, que têm sido cobrados por eleitores e aliados sobre uma apuração contra o ministro.
A avaliação de dirigentes partidários é ainda de que a permanência de Pazuello passa também pela eleição da presidência da Câmara.
No cenário em que o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) seja eleito, a perspectiva é que o poder de barganha dele e do centrão fique muito maior.
Desde o final do ano passado, deputados governistas defendem que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), substitua o general.
Barros, que tem a simpatia da cúpula militar, foi ministro da Saúde no governo de Michel Temer (MDB).
Para dirigentes partidários, caso Lira dobre a pressão pela saída de Pazuello, é provável que Bolsonaro acabe cedendo, já que o presidente tem manifestado preocupação com a eventual abertura de um processo de impeachment.
Na opinião de assessores do governo, o envio de Pazuello a Manaus no sábado (23), em voo sem volta, amenizou as críticas contra o general, mas não foi suficiente para mudar a imagem pública de que o ministro demorou para agir no colapso de saúde na capital do Amazonas.
Nesta terça-feira (26), movimentos e partidos de oposição decidiram convocar uma megacarreata contra o presidente e apoiar a criação da CPI da Pandemia, a ser realizada em 21 de fevereiro.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, ressaltou no pedido ao STF que, em relação à crise enfrentada por Manaus, Pazuello tem “dever legal e possibilidade de agir para mitigar os resultados”.
Ele observou ainda que uma eventual omissão seria passível de responsabilização cível, administrativa ou criminal.
“Mostra-se necessário o aprofundamento das investigações a fim de se obter elementos informativos robustos para a deflagração de eventual ação judicial”, disse.
Para tentar evitar a abertura de um impeachment, Bolsonaro intensificou a articulação nos últimos dias pela eleição de Lira. Barros, por exemplo, foi escalado para ajudar Lira na tentativa de virar votos hoje a favor do presidente nacional do MDB, Baleia Rossi (SP), candidato do presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ).
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