A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) revelou nesta sexta-feira que foi alvo de “violentos” ataques racistas nesta semana pelas redes sociais, com mensagens que comparavam jogadores e torcedores brasileiros a macacos. O presidente Ednaldo Rodrigues também foi alvo dos ataques. A entidade divulgou que já encaminhou o caso às autoridades policiais e que denunciou os perfis autores do ataque ao Instagram. Também enviou ofício à Fifa e à Conmebol.
“Esse tipo de crime não será tolerado. Ao contrário de um passado não tão distante, de uma CBF indiferente, iremos enfrentar a questão do racismo e continuar empunhando a nossa bandeira de combate a esse crime, como fizemos com a realização, em 2022, do I Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, que teve sua extensão com a criação de um Grupo de Trabalho que vem desenvolvendo diagnósticos, propostas e ações concretas no sentido de banir essa doença da sociedade, dentro e fora dos campos”, informou a entidade.
A CBF frisou que desenvolveu ações emblemáticas no combate ao racismo, sendo a primeira confederação no mundo a implementar penas desportivas em casos de racismo, decisão que teve repercussão mundial.
“Nossa luta seguirá e não será interrompida por atos como estes. Todas as medidas junto às esferas pública e privada serão tomadas cada vez que houver algo semelhante aos ataques que sofremos. Não haverá trégua”, enfatizou a CBF. “A luta contra o preconceito é uma das bandeiras mais importantes da atual gestão. Venha de onde vier, de racistas como estes, de xenófobos como estes, de homofóbicos, de criminosos e de pessoas que fazem parte de um passado sombrio e corrupto da entidade e daqueles que ainda tentam, de todas as formas, retomar suas benesses pessoais.”
Episódios de racismo não são raros no futebol mundial. Um dos casos mais emblemáticos é o do atacante brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, que já sofreu vários insultos nos campos da Espanha.
Esses acontecimentos estimularam Brasil e Espanha a marcar um amistoso em março de 2024, com o lema “Uma só pele”. “É um ato para chamar a atenção de todos a refletir sobre o fim da discriminação”, afirmou a CBF após divulgar os ataques pelo Instagram.
“Tenho orgulho de ser o primeiro negro, nordestino, descendente de indígenas a ocupar a presidência da CBF”, afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. “Não serei intimidado por criminosos, racistas, xenófobos e corruptos que transitam pelas sombras.”
Neste ano, jogos da Conmebol também viraram notícias com torcedores presos depois de terem sido flagrados imitando macaco. O preparador físico do time peruano Universitário, Sebastian Avellino Vargas, também ficou detido preventivamente em São Paulo. Ele foi acusado de ter feito gestos em direção aos torcedores e de ter chamado corintianos de macacos durante jogo da Sul-Americana.
Em maio deste ano, outro caso foi registrado na Série C do Campeonato Brasileiro. Na partida entre Altos e Ypiranga, em Teresina, o goleiro Caíque, do Ypiranga, acionou o árbitro para relatar gritos racistas atrás de seu gol. De acordo com o goleiro, um homem o chamou de “uva preta”. O torcedor foi preso em flagrante.