SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério da Saúde do Cazaquistão informou neste domingo (9) que o saldo de mortos em meio à crise que se desenrola no país chega a 164 e que duas das vítimas são crianças.
A atualização representa um salto em relação às cifras divulgadas durante a semana, quando foi anunciado que 26 manifestantes e 18 policiais haviam morrido. A maior parte das mortes ocorreu em Almati, a maior cidade do país, com cerca de 1,7 milhão de habitantes.
Cresceu, ainda, o número de pessoas detidas pelas forças de segurança. Ao menos 5.135 cidadãos foram presos no escopo de 125 investigações, de acordo com informações do Ministério do Interior cazaque.
O governo do presidente Kassim-Jomart Tokaiev alegou ter estabilizado a situação e acrescentou que as tropas da aliança militar de países ex-soviéticos liderada por Moscou estavam protegendo instalações energéticas estratégicas do país -o Cazaquistão é um produtor relevante de petróleo e gás.
“A situação foi estabilizada em todo o país”, diz comunicado divulgado neste domingo. Funcionários da inteligência cazaque afirmam que ações de “limpeza”, que chamam de uma operação de contraterrorismo, continuam. Durante o estopim dos projetos, Tokaiev havia ordenado que eles atirassem “para matar”.
A ordem foi alvo de críticas do secretário de Estado americano, Antony Blinken, às vésperas do encontro entre as delegações diplomáticas de Rússia e EUA em Genebra para discutir a situação na Ucrânia, cujas fronteiras foram ocupadas por Moscou com mais de 100 mil homens, gerando o temor de uma invasão.
Em entrevista ao programa This Week, da rede ABC, Blinken disse que “rejeita totalmente” a medida cazaque. “A ordem de atirar para matar está errada e deve ser rescindida. O Cazaquistão tem capacidade de manter a lei e a ordem e defender as instituições do Estado, mas de forma que respeite os direitos dos manifestantes pacíficos e atenda às demandas que eles colocam”, afirmou.
O secretário de Estado ainda retomou comentários sobre a ajuda militar russa, acrescentando que não havia necessidade e que o governo de Tokaiev deveria ter lidado com a convulsão social por conta própria. Blinken já havia criticado o envio de tropas russas e de outras nações ex-soviéticas, alegando que o governo local poderia ter dificuldade para se livrar delas após o fim da crise.
Durante a tradicional missa dominical na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o papa Francisco pediu que haja diálogo e justiça para encerrar a crise no país da Ásia Central, acrescentando que está triste com as notícias sobre as mortes ocorridas. “Fiquei sabendo com tristeza que houve vítimas durante os protestos. Rezo por eles e por suas famílias e espero que a harmonia social seja restaurada o mais rápido possível.”
A onda de protestos no Cazaquistão teve início em 2 de janeiro e se intensificou na última quarta (5), quando manifestantes atacaram prédios públicos e protestaram nas principais cidades do país, incluindo Almati e a capital, Nursultan. A residência oficial de Tokaiev chegou a ser invadida e, depois, desocupada.
A queixa inicial nas ruas era contra a alta do preço dos combustíveis, mas a onda de protestos saiu de controle. Ainda não se sabe quem são suas lideranças, o que aumenta especulações conspiratórias de que a convulsão seria impulsionada por agentes estrangeiros, incluindo o governo de Vladimir Putin.
O governo cazaque anunciou, neste sábado (8), a prisão do ex-chefe da inteligência do país, Karim Masimov, premiê por dois mandatos nas últimas duas décadas e um aliado do ditador Nursultan Nazarbaiev, conhecido como o “pai da nação”, que governou o país por quase 30 anos. Masimov é acusado de traição.
A companhia aérea estatal russa Aeroflot anunciou que parou de vender passagens para voos com destino ao Cazaquistão programados para antes do dia 20 de janeiro e também de voos do Cazaquistão para a Rússia até o dia 21, segundo informações da agência de notícias Tass.
O ministro do Interior cazaque, Yerlan Turgumbayev, disse ao canal de notícias Khabar 24 que, durante os protestos, mais de 400 veículos foram danificados ou destruídos, incluindo 346 veículos da polícia. Manifestantes também teriam saqueado mais de 100 bancos e instalações comerciais, afirmou.
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