A valorização das commodities – petróleo avança perto de 1,00% e o minério de ferro fechou com proveito de 1,26% nesta segunda-feira, 2, em Dalian, na China, em meio a dados industriais sugerindo expansão da economia do país – é insuficiente para empolgar o Ibovespa na buraco. Ou por outra, os índices de ações operam cautelosos e ainda a piora nas estimativas de inflação no Brasil dificultam uma recuperação do principal indicador da B3 neste primeiro dia útil de dezembro, depois fechar com queda de 3,12% em novembro.
A queda das bolsas no exterior também é risco ao Ibovespa. Os índices futuros no pré-mercado de ações norte-americano cedem levemente enquanto o rendimento dos Treasuries avançam diante de preocupações com a gestão de Donald Trump.
O horizonte presidente dos EUA fez novas ameaças de mais tarifas comerciais, desta vez mirando os países emergentes dos Brics. Com isso, as moedas emergentes cedem, já tendo efeito por cá, com o dólar voltando a operar na filete dos R$ 6,00, já testando os R$ 6,0739, na máxima. Ao mesmo tempo, a agenda semanal cá e no exterior impõe cautela.
“O fiscal continua incomodando”, pontua o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. Em sua visão, fica difícil imaginar eventuais ajustes no pacote de namoro de gastos, uma vez que sinalizado pelo ministro da Herdade, Fernando Haddad, na sexta-feira, que poderiam ser suficientes para gerar crédito dos investidores. “Fica difícil pensar o que poderiam mudar. O mercado quer um pouco sólido, e não enxerga isso por ora”, diz Laatus.
A moeda brasileira ressente os elevados temores fiscais no Brasil, tendo na sexta-feira fechado aos R$ 6,00 pela primeira vez na história. Já o Ibovespa fechou aos 125.667,83 pontos, em subida de 0,85%, depois falas conjuntas dos presidentes da Câmara e do Senado, de que a discussão da proposta de isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 milénio ficará para 2025.
O quadro, mas, segue reptante no Brasil. Hoje, por exemplo, a XP Investimentos reduziu sua estimativa para o Ibovespa de 150 milénio pontos para 145 milénio em 2025. Em relatório, cita que os desafios macro permanecem no Brasil, com uma inflação crescente e expectativas inflacionárias desancoradas, que devem levar o Banco Meão a aumentar os juros de forma significativa.
Neste cenário o boletim Focus trouxe novidade revisão para cima nas projeções para o Índice Vernáculo de Preços ao Consumidor Grande (IPCA) deste ano e do seguinte, o que pode pressionar os ativos no Brasil hoje. A mediana para o IPCA de 2024 subiu de 4,63% para 4,71%, supra do teto da meta, de 4,50%. Já para 2025, foi de 4,34% para 4,40%. Se permanecer supra ou inferior do pausa de tolerância por seis meses consecutivos, o Banco Meão terá descumprido o escopo. A mediana para a Selic, por sua vez, seguiu em 11,75% ao ano para o termo de 2024.
Mas na curva e nos departamentos econômicos, espera-se uma taxa de até 15% e 14%, respectivamente, no final deste ano. Pesquisa feita pelo Projeções Broadcast mostra que a maioria espera aumento no ritmo de subida da Selic de meio ponto para 0,75 ponto porcentual no Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, devido ao aumento das incertezas fiscais.
Hoje, as atenções ficam em Gabriel Galípolo, horizonte presidente do BC, que faz palestra em São Paulo, em meio às indicações feitas na sexta-feira para a novidade diretoria da mando monetária. Amanhã, será divulgado o PIB do terceiro trimestre e nos Estados Unidos as atenções ficam em falas de diretores do Federalista Reserve (Fed, o banco mediano norte-americano) e no payroll, principalmente.
Às 10h55, o Ibovespa caía 0,48% aos 125.067,74 pontos. Na mínima marcou 124.733,89 pontos, com recuo de 0,74%. Vale perdia força e subia só 0,07% e Petrobrás zerava a subida.
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