SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O sistema Cantareira pode chegar a abril de 2022, início do próximo período de seca, com 17% de sua capacidade, segundo projeção mais recente do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).
O percentual é esperado no cenário mais pessimista, se as chuvas se mantiverem 50% abaixo da média histórica no período. Se a precipitação ficar dentro do esperado, o Cantareira irá chegar em abril com volume de 65%, segundo o órgão.
A projeção representa uma situação pior do que a registrada em 2013, ano que antecedeu a crise hídrica na Grande São Paulo, segundo o professor do programa de pós-graduação em ciência ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, Pedro Luiz Côrtes. “Temos prognóstico climático de um verão com chuvas abaixo da média que vem se confirmando apesar de um início de primavera chuvoso”, diz.
De acordo com ele, entre 2011 e 2020, o Cantareira apresentou déficit de chuvas em relação à média histórica, com exceção de 2015, quando houve 5% de superávit no abastecimento.
Mesmo assim, Côrtes não descarta a possibilidade de o Cantareira ter uma recuperação em decorrência das chuvas de verão, ainda que curta. “Encerrado o período de chuvas, o [abastecimento] do reservatório tende a cair muito.”
Em nota, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) afirmou que não há risco de desabastecimento na região metropolitana de São Paulo neste momento. “A projeção aponta níveis satisfatórios dos reservatórios com as perspectivas de chuvas do final da primavera e início do verão, quando a situação será reavaliada”, informou.
Os reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo receberam neste ano, entre janeiro e outubro, em média, 25% menos chuva do que no mesmo período em 2013, ano que antecedeu a crise hídrica.
De acordo com a chefe do Serviço de Pesquisa Aplicada do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a meteorologista Danielle Ferreira, a previsão para os próximos meses é de chuva abaixo da média, entre 5 e 10 milímetros menor do que o normal para o período. “As chuvas vão ocorrer, mas não o suficiente para compensar os meses de estiagem e o último verão mais seco do que o esperado”, diz.
A mesma previsão é feita pela meteorologista da Climatempo Ana Clara Marques, que prevê entre 20% e 30% menos chuvas na Grande São Paulo entre outubro e março do ano que vem. “A preocupação maior é com o próximo período seco, a partir de junho de 2022, quando os reservatórios podem ficar abaixo do volume esperado”, diz.
Desde 2018, quando necessário, a Sabesp abastece o Cantareira com água da bacia do rio Paraíba do Sul após concluída as obras da interligação Jaguari-Atibainha e do sistema São Lourenço.
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