Câncer de bexiga: terapia pode reduzir 53% o risco de morte

Um tratamento para câncer da bexiga apresentou queda de 53% no risco de morte e 55% no risco de progressão da doença, em comparação à quimioterapia padrão, em primeira linha de tratamento para todo perfil de paciente com tumor metastático, revela estudo. Os dados foram apresentados na ESMO, o Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica, um dos eventos mais importantes da especialidade, que aconteceu em Madri, Espanha, no final de outubro. Esta indicação ainda precisa ser aprovada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O estudo fase III, randomizado e multicêntrico foi realizado com quase 900 pessoas, e comparou o uso combinado de enfortumabe vedotina com pembrolizumabe (EV+P) versus o tratamento quimioterápico padrão de primeira linha para pacientes com câncer de bexiga metastático. O EV é uma terapia inovadora, da classe dos anticorpos conjugados a droga (ADC), tecnologia que vem se destacando em eventos médicos pelo potencial contra diversos tumores avançados e refratários, como câncer de mama, ovário, pulmão e esôfago.

“Neste caso, o estudo apresentou um avanço que não era observado há muitos anos. A adoção desse protocolo pode mudar a forma como o câncer de bexiga metastático é tratado”, afirma o Dr. Diogo Rosa, oncologista do Grupo Oncoclínicas.

A mortalidade do câncer de bexiga se aproxima de 5 mil pessoas por ano em todo o Brasil, sendo que mais de 11,3 mil novos casos devem ser registrados entre 2023 e 2025, a cada ano, conforme estimativa do INCA (Instituto Nacional do Câncer). Dor ao urinar, sangue na urina, aumento da frequência urinária e urgência para urinar estão entre os principais sintomas, que devem ser investigados havendo ou não histórico familiar.

O tabagismo é um fator de risco importante para o desenvolvimento da doença, embora seja um fator evitável. O câncer é mais incidente em homens brancos, com idade acima de 65 anos, além de pessoas expostas a componentes químicos como azocorantes, benzeno e benzidina, poeira de metais e agrotóxicos. A detecção precoce pode ser feita com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença, ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas, mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença, segundo o INCA.

Uso ampliado

A enfortumabe vedotina está aprovada pela ANVISA desde maio de 2022 e, no último dia 30 de outubro, teve sua indicação de uso ampliada pela Agência. Com a mudança, o tratamento que era restrito para pacientes que já tivessem recebido uma ou mais linhas de tratamento prévio, agora podem receber enfortumabe vedotina em combinação com pembrolizumabe pacientes com carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático, em primeira linha de tratamento, desde que inelegíveis para quimioterapia à base de cisplatina, conforme o DOU (Diário Oficial da União).