SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em um metaverso dos reality shows brasileiros, Gracyanne Barbosa jogou moca na face de Diogo Almeida, depois bateu em dona Delma, que havia roubado seus ovos, e acabou expulsa do BBB 25. Diogo, por sua vez, abriu mão de um prêmio de R$ 100 milénio que conquistou no programa e entregou tudo à fisiculturista – os dois, aliás, vivem um romance secreto na vivenda e estão enganando Aline.
Um fã de BBB desavisado que acessar o YouTube pode ultimar acreditando nas frases supra, levado pela vaga de desinformação sobre reality shows que vem se espalhando na plataforma. Artistas e celebridades também são níveo frequente das fake news propagadas por canais porquê “Mega Resumão”, “Conexão Reality”, “Notícias Quentes Da Hora”, “Resumo On” e “Boca Ocasião”, entre outros.
Cada um desses canais tem milhares de usuários inscritos e alcança milhões de visualizações. Procurado pela Folha de S.Paulo durante a apuração desta reportagem, o YouTube derrubou um deles, o “Escaldando”, que tinha mais de 200 milénio inscritos. A plataforma não responde se o meio era monetizado, mas afirma que o tirou do ar por descumprir os termos de serviço. Os demais canais citados tiveram alguns vídeos removidos, mas continuam na ativa.
Um vídeo do meio “Escaldando” de dois meses detrás alardeava a falsa morte de Vera Viel, mulher de Rodrigo Faro. Outro dizia que Bruna Marquezine teria tentado tirar a própria vida e sido salva pelo ex-namorado, Neymar. A Folha de S.Paulo conseguiu contato com o fundador do meio, o influenciador Johnny Santos, que afirma que vendeu a conta há um ano e meio.
Questionado se a conta era monetizada e por qual valor foi vendida, ele não respondeu. Disse somente que decidiu “dar um tempo” na cobertura de celebridades e se destinar a um novo projeto online, com dicas de emagrecimento.
Dentre os canais citados, o maior é o Resumo On, com 772 milénio inscritos e 47 milhões de visualizações. “Diogo vence prêmio de R$ 100 milénio e dá para Gracyanne”, diz um dos vídeos do meio. O Boca Ocasião, que costuma fazer lives de mais de duas horas transmitindo as notícias falsas, tem menos inscritos, 113 milénio, mas mais visualizações, batendo os 55 milhões. Métricas altas porquê essas são um dos requisitos principais para se obter monetização na plataforma, ou seja, lucrar numerário no YouTube.
Para além dos milhares de visualizações alcançados pelos vídeos, os conteúdos falsos se multiplicam via cortes e prints replicados em redes sociais, já sem controle da plataforma nem dos próprios criadores. A Mundo foi questionada sobre o impacto das fake news entre telespectadores e votantes do BBB, mas não respondeu até o momento da publicação dessa reportagem.
OUTRO LADO
Depois ser procurado pela Folha de S.Paulo, o YouTube encerrou o meio Escaldando por “violar os termos de serviço”. “O YouTube possui uma política específica sobre desinformação que detalha o tipo de teor que não é permitido na plataforma. Agimos rapidamente quando encontramos teor em desacordo com nossas políticas. Continuamos focados no repto de fabricar um envolvente seguro para usuários e criadores, em estabilidade com a liberdade de visualizações e opiniões”, afirmou uma porta-voz da plataforma no Brasil.
“Todo teor no YouTube deve seguir nossas Diretrizes da Comunidade e contamos com uma combinação de sistemas automatizados, revisores humanos e denúncias de usuários para identificar material suspeito. Quando um vídeo que viola nossas regras é detectado, agimos para removê-lo rapidamente. Somente de janeiro a setembro de 2024, removemos mais de 2,4 milhões de vídeos no Brasil por violar nossas regras”, prosseguiu a porta-voz.
Questionado se os canais são monetizados, a plataforma diz que: “para monetizar seus conteúdos, os criadores precisam atender aos requisitos de qualificação do Programa de Parcerias do YouTube e seguir suas regras. Não segui-las pode levar o fundador a ter seu teor desmonetizado, a perder a monetização do seu meio, entre outros.”