RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Ao contornar a Avenida Borges de Medeiros, na Lagoa, já é verosímil enxergar meia dúzia de rapazes de camiseta e bermuda, todos com smartphone nas mãos, em um desativado posto de gasolina no prelúdios da Rua Mário Ribeiro. Murado de 50 metros adiante, mais um grupo rapazes. O jornalista pede ao Uber que reduza a velocidade e abaixa o vidro. “Ingresso?”, adianta-se um dos jovens.

 

“Quanto é que tá?”, pergunta o repórter, explicando em seguida que procura ingressos para a sessão noturna desta terça-feira no Rio Open -a que tem João Fonseca fazendo sua estreia.

“Noturno? Consigo, sim, mas tá muito proeminente, doutor. Tá batendo dois e meio [R$ 2.500]”, replica o jovem, explicando que tem quatro ingressos juntos caso fosse necessário. Tudo por R$ 10 milénio. Entradas que foram vendidas individualmente por R$ 250 em novembro, quando foram disponibilizadas no site da Eventim. O lucro dos cambistas cá é de 10x.

“Mas eu comprei ano pretérito por R$ 500, R$ 700. Por que subiu tanto?.” A pergunta testava o cambista sobre procura e demanda no Rio Open.

“Encarregado, é o moleque. Nascente ano está estourado, entendeu? Não tem ingresso. Muito pedido mesmo. Muito pedido. Aí os ingressos sobem muito, entendeu? Mas pode se remunerar em verba, pode ser pix, pode ser no cartão de crédito de aproximação, pode parcelar com uma taxinha também. Fica à vontade”, explica, fazendo referência a João Fonseca, “o moleque” que todos querem ver no evento.

Meia hora depois, outro repórter chega ao Jockey. A cena se repete do lado de fora do clube, mas com outro jovem: “Ingresso?”. “Já tenho, já, mas um camarada meu quer saber quanto é que tá”, responde o jornalista, explicando que queria a sessão noturna desta terça-feira.

“Noturno? Noturno, tá três pilas, mano”, diz o cambista, que ouve uma negativa do repórter, que reclama do preço. Cá, o bilhete chega a 12 vezes o valor das entradas vendidas pela bilheteria solene do Rio Open. “Quer falar um número aí?”, insiste o jovem. “Não, ele não vai querer, não. Ele achava que era mais barato”, rebate o jornalista, citando novamente o companheiro interessado no ingresso.

“Se arrumar mais barato, procura nós aí!”, diz o cambista, enquanto outro rapaz se aproxima e oferece um bilhete por R$ 1.500. “Não é para mim, não. Valeu”, despede-se o repórter.

Cambistas nas entradas do Jockey Club Brasílio durante o Rio Open não são novidade. Os valores, mas, nunca estiveram tão inflacionados. Mais uma consequência da “fonsequização” do público de tênis brasílico.

O fanatismo é tanto que na segunda-feira, primeiro dia de treino de João Fonseca no evento, havia gente até nas árvores buscando um ângulo melhor para ver o juvenil. Fonseca estreia no Rio Open na noite desta terça-feira, por volta das 21h. Ele encara o francesismo Alexandre Muller, #60 do ranking. O SporTV mostra ao vivo.