SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Kevin McCarthy, presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, afirmou que o deputado republicano George Santos, filho de migrantes brasileiros, deve ser investigado pelo Comitê de Ética da Casa depois de ser pego em uma espiral de mentiras sobre seu currículo e trajetória pessoal.
Inicialmente, ele afirmou ao canal de TV americano CNN que o deputado estava sob investigação, mas depois recuou e disse que Santos é alvo de denúncias no órgão. “O Comitê de Ética está avançando e, se encontrar algo, vai reagir”, disse o líder republicano. “Por enquanto, não estamos permitindo que ele esteja em cargos nos comitês legislativos devido às questões que surgiram.”
Embora tenha dito que o partido não autorizou a participação de Santos em painéis da Câmara, McCarthy havia afirmado, antes, que essa decisão partiu do próprio deputado envolvido nos escândalos. A ideia, segundo o presidente da Câmara, foi vista como apropriada “até que ele possa esclarecer tudo” e considerada pela mídia a primeira mostra de fraqueza desde que ele se tornou alvo de investigações.
Santos havia sido designado para dois comitês: o de Ciência, Espaço e Tecnologia e o de Pequenas Empresas, que supervisiona uma das maiores iniciativas de governo, o Programa de Proteção ao Salário, com orçamento estimado em quase US$ 1 trilhão (R$ 5,1 trilhões).
A participação de Santos nesses espaços era criticada. Após sua eleição, em novembro, o jornal americano The New York Times mostrou que o deputado mentiu sobre diversos aspectos de sua vida para atrair eleitores -do currículo acadêmico e profissional às fontes de renda e origens familiares.
O político não conseguiu explicar em detalhes a origem da doação de ao menos US$ 600 mil que fez à própria campanha. Segundo ele, o dinheiro veio de uma firma que abriu na Flórida, onde a lei determina que titulares de empresas tenham domicílio no estado. Uma análise de dados da Dun & Bradstreet estima que, até julho do ano passado, a companhia de Santos teve receita de apenas US$ 43.688.
Até agora, McCarthy não pediu ao correligionário para renunciar. No começo de janeiro, ele disse à imprensa que essa era uma decisão dos eleitores. “Tento me ater à Constituição. Os eleitores o escolheram”, afirmou. “Ele terá de conquistar a confiança das pessoas aqui, terá a oportunidade de fazer isso. Existe alguma acusação contra ele? Nos EUA, você é inocente até que provem que é culpado.”
No mesmo dia, Santos foi ao Twitter para negar uma eventual renúncia. “Fui eleito para servir à população de Nova York, não ao partido e aos políticos. Lamento que autoridades locais se recusem a trabalhar em meu gabinete para entregar resultados, manter nossa comunidade segura e reduzir o custo de vida.”
Após as farsas serem reveladas, ele confessou ter mentido ao dizer que cursou faculdade e trabalhou em Wall Street. Agora, também admitiu que não ser judeu. Ele costumava contar uma rebuscada narrativa sobre avós que emigraram da Ucrânia para o Brasil fugindo do nazismo, mas ambos nasceram no Rio.
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