BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tripudiou nesta quinta-feira (20) sobre a possibilidade de ser recluso depois julgamento da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federalista), o que pode ocorrer ainda neste ano. “O tempo todo [é] ‘vamos prender o Bolsonaro’. Caguei para a prisão.”

 

Esta foi a primeira enunciação dele depois a apresentação da denúncia pela PGR (Procuradoria-Universal da República) sob a delação de liderar uma trama de golpe em 2022. Os crimes incluídos na denúncia somam penas que podem se aproximar de 50 anos de prisão.

A fala de Bolsonaro ocorreu durante o Primeiro Seminário de Informação do PL, com militantes e parlamentares em Brasília. Bolsonaro diz que não há liberdade de frase no Brasil e nega golpe.

Ele disse ainda ter sido um “golpe da Disney”, em referência ao traje de ele estar em Orlando (Estados Unidos) durante os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.

“Para mim, seria muito mais fácil estar do outro lado junto, com a dona Michelle, aproveitando a vida. Mas não poderia continuar vendo meu país se estragar, se concluir, se naufragar. Um país onde se rouba esperança do seu povo. O tempo todo [é] ‘vamos prender o Bolsonaro’. Caguei para a prisão”, disse, sob aplausos.

Ele disse que há condenados a repor bilhões, que firmaram delações premiadas, além de empresários com acordos de leniência, que não estão presos. “Alguns acham ‘ah, fica quieto’, [mas] não tem porquê permanecer quieto perto do estuprador. Se permanecer quieto, vai antecipar alguma coisa ou vai dar mais prazer ainda [para o estuprador]?”, prosseguiu.

O ex-presidente falou ainda que não há zero contra ele, somente narrativas que foram por chuva inferior, segundo disse. “Investiram pesadamente nesta última, golpe. Geralmente quem dá golpe é quem ganha, o golpista não perde, ou se perde, ele está lascado. O duro é quando você é golpeado e te acusam de dar golpe. Devem ter prazer, né, 38 anos de ergástulo”, disse.

Em sua fala, ele criticou Alexandre de Moraes, do STF (Supremo tribunal Federalista), de forma indireta, a quem chamou de “semideus” e “rei dos inquéritos”. O magistrado é relator de inquéritos na Incisão que tem Bolsonaro na mira, porquê o do golpe.

Ele voltou ainda a falar de uma apuração sobre suposta irregularidade nas urnas eletrônicas em 2018, o que já levou à sua inelegibilidade pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), por testilhar o sistema eleitoral. No evento do PL nesta quinta, Bolsonaro disse à plateia: “Mas vocês acham que em 2018 teve fraude na minha eleição ou não?”, a que gritaram que teve.

O ex-presidente criticou Lula em seu exposição, reforçou a sátira ao preço dos víveres, porquê ovo e moca. Ele fez ainda um chamado para que seus apoiadores compareçam a Copacabana (Rio Janeiro) em 16 de março para pedir por anistia aos presos pelo 8 de janeiro.

Bolsonaro não mencionou uma eventual candidatura em 2026 à Presidência, mas disse: “Para 2026, me deem 50% da Câmara dos Deputados e 50% do Senado que eu mudo o fado do Brasil. Brasil, supra de tudo, Deus supra de todos”, encerrou sua fala com um grito de “ihu”.

Porquê mostrou a Folha de S.Paulo, o ex-presidente vai teimar no exposição de sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2026 e na pressão de movimentos de rua e de aliados internacionais depois ser denunciado pela PGR sob a delação de liderar uma trama golpista.

A estratégia visa manter seu capital político enquanto ministros do STF se articulam para julgá-lo ainda neste ano, de forma a evitar uma verosímil contaminação nas próximas eleições presidenciais.

O ministro Alexandre de Moraes decidiu nesta quarta-feira (19) pela derrubada do sigilo dos depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid na delação premiada com a Polícia Federalista, expondo detalhes das acusações do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

O ex-presidente foi criminado na terça (18), junto com outras 33 pessoas, pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, por crimes porquê tentativa de extinção violenta do Estado democrático de Recta e de golpe de Estado, além de participação em organização criminosa.

O objetivo de Bolsonaro é levar a candidatura até o último momento, considerando que passar o viga para outro nome precocemente poderia enfraquecê-lo nas decisões do campo da direita e diminuir suas chances de volver potencial prisão e inelegibilidade, em vigor até 2030.