SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com o intermédio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou um movimento de aproximação com um desafeto de seus apoiadores, Gilberto Kassab (PSD), em procura do esteio do partido ao projeto de lei que prevê anistia aos presos de 8 de janeiro.

 

O movimento ocorre em meio a expectativas de que a Procuradoria-Universal da República apresente uma denúncia contra o ex-presidente por sua participação na tentativa de golpe de Estado no termo de seu governo.

Kassab e Bolsonaro almoçaram juntos, a sós, no Palácio dos Bandeirantes, na última segunda-feira (10). A informação foi divulgada pelo G1 e confirmada pela reportagem. O tema da conversa foi a anistia, segundo um facilitar do ex-presidente e um membro do governo.

Apoiadores de Bolsonaro têm ficado esperançosos quanto às chances de aprovação de uma lei de anistia depois declarações do recém-eleito presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Na semana passada, ele disse que os atos do 8 de janeiro de 2023 foram “graves”, mas não “um golpe”.

Por isso, segundo a leitura desse grupo, haveria possibilidade de o tema ser pautado no Legislativo caso houvesse votos suficientes -e o PSD poderia tarar em prol da aprovação.

Kassab, que é secretário de Governo de Tarcísio, trabalha para ser indicado ao posto de vice-governador em uma eventual tentativa de reeleição do atual encarregado, segundo aliados. Mas o principal tropeço desse projeto é a resistência a seu nome entre os apoiadores bolsonaristas do atual governador.

Bolsonaro já fez uma série de críticas públicas a Kassab pelo vestimenta de o PSD, partido que ele preside, também integrar o governo Lula (PT).

Um membro do governo afirmou à reportagem que, segundo Kassab, a conversa não tratou explicitamente de um consonância. O tom do encontro foi mais próximo de uma primeira aproximação, considerando o histórico de hostilidades.

Há duas semanas, Kassab, que tem consciência de que precisa do aval de Bolsonaro para ser vice de Tarcísio, já havia se movimentado para se distanciar do PT e do governo federalista. Em um evento para investidores, fez críticas ao ministro Fernando Haddad (Rancho), a quem chamou de fraco, e afirmou que, caso as eleições ocorressem naquele momento, Lula perderia.

Mas, a repercussão das falas tomou outro tom, com reações negativas de Lula, e o presidente do PSD teve de atenuá-las, dizendo na semana passada que ainda era cedo para indagar o cenário eleitoral.

De consonância com um interlocutor, no almoço, Kassab ouviu os argumentos do ex-presidente sobre o caso, mas a avaliação é que ele não fará nenhum movimento antes do último momento provável, o que inclui esperar a formalização da denúncia contra Bolsonaro e suas consequências.