SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sem Carnaval, blocos de rua e fanfarras de São Paulo decidiram formar uma nova liga, mas dessa vez de combate à fome: o Batuque de Panela. Já os mestres de bateria das escolas de samba paulistanas criaram o projeto Bateria Solidária, para arrecadar cestas básicas que vão alimentar os integrantes das agremiações que perderam a renda na pandemia.
O Batuque de Panela atua em duas frentes. A primeira é a distribuição de cestas básicas e itens de primeira necessidade para a comunidade Vila Dalva, na zona oeste. A ação teve estreia no Dia das Mães –famílias chefiadas por mulheres são as mais afetadas na pandemia- com a meta de doar 300 cestas de alimentos por mês,
“Estamos adotando a comunidade, estreitando os laços. Vamos fazer uma ação continuada. Além das comida, queremos prestar auxílio psicológico, jurídico”, explica Thiago França, da Charanga do França, que tem coordenado as ações.
A outra frente do projeto dos blocos é a mobilização para fazer marmitas para quem vive nas ruas do Bixiga, clássico bairro boêmio e do samba na capital. Já foram distribuídas mil marmitas em um mês.
Para isso, o grupo conta com o apoio da Casa Meio do Céu, que cedeu sua cozinha para o preparo da comida. A intenção é que toda as terças-feiras, a equipe voluntária, formada por integrantes dos blocos, faça cerca de 300 marmitas, que são distribuídas com a ajuda da Escola de Samba Vai-Vai.
Eles querem arrecadar também roupas de frio, itens de cuidado contra a Covid-19 e para a higiene feminina, como roupas íntimas, absorventes e lenços umedecidos.
São 16 grupos carnavalescos que trocaram fantasia e purpurina por máscara e álcool em gel e vem arrecadando mantimentos: Abacaxi de Irará, Apogeu, Bloco do Apego, Charanga do França, Cornucópia Desvairada, Filhas da Lua, Filhos de Gil, Manada, Mzceja Tabebo, Obscênicas, Pagu, Passaram a mão na Pompéia, Pilantragi, Saia de Chita, Samby & Júnior e Tia eh o Caraleo. No Carnaval, juntos, eles levam mais de 300 mil pessoas para seus desfiles.
“Os blocos de São Paulo são um movimento de ocupação do espaço público. Agora, vimos o que é a falta de Estado e de políticas públicas em uma pandemia, e essa vontade de ocupar ficou mais latente”, afirma França.
Ele mora próximo ao largo de Santa Cecília, no centro da capital, e sentiu o aumento das pessoas nas ruas, “desamparadas, desassistidas, sem o mínimo de dignidade. Isso me incomoda profundamente”, diz.
Um dos grupos do Carnaval afetados diretamente pela crise sanitária e econômica foi o “coração da escola”, como são carinhosamente chamadas as baterias das agremiações. Muitos músicos perderam o emprego ou tiveram redução de salários.
Preocupados, 34 mestres das escolas dos grupos Especial, Acesso 1 e Acesso 2 de São Paulo se uniram para ajudar, com o Bateria Solidária.
“A ideia é criar um movimento de apoio aos músicos das nossas baterias através da arrecadação de mantimentos, alimentos, produtos de higiene e cestas básicas”, explica o mestre Marcos Rezende, da bateria Ritmo Puro da Mocidade Alegre.
“Esse é o grande ensinamento que essa pandemia nos trouxe: que só sobreviveremos com união e solidariedade”, completa Vitor Velloso, mestre da Pegada da Coruja, da escola Estrela do Terceiro Milênio, do Grajaú, bairro do extremo sul, um dos mais atingidos pelo coronavírus.
Veja como ajudar
Para doar cestas básicas aos integrantes das baterias das escolas de samba paulistas, basta clicar aqui.
Já para ajudar o Batuque de Panela, dos blocos de Carnaval, a colaboração deve ser feita em dinheiro, pelo PIX (11) 99978-7002. Também são aceitas doações de roupas de frio, higiene feminina e itens para a pandemia (máscara e álcool em gel). Para isso, é preciso entrar em contato com o grupo pelo Instragram, no @batuquedepanela.
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