FRANCISCO LIMA NETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma biomédica diz que o irmão e o marido dela, que são negros, foram expostos em um perfil de uma rede social uma vez que sendo criminosos. O incidente ocorreu, segundo ela, posteriormente eles irem até a portaria de um condomínio no Cocuruto da Mooca, na zona leste de São Paulo, para pedir a reembolso de uma globo que havia derribado na extensão de lazer do imóvel.
O perfil Mooca Bello Solene no Instagram foi retirado do ar posteriormente o questionamento da família das vítimas. A reportagem não conseguiu contato com o perfil.
Segundo a biomédica Paloma Salles, 30, a família fazia uma sarau de natalício de 15 anos para o juvenil no último sábado (16) no condomínio onde a família tem um imóvel, na rua Marquês de Valença, no Cocuruto da Mooca. Ele jogava com amigos quando a globo caiu na extensão de lazer de um condomínio vizinho, na rua Cuiabá.
“Meu marido foi com meu irmão até lá para pedir a globo de volta, por volta das 22h. Mas é portaria virtual. Eles viram uma mulher na liceu do condomínio e pediram para ela ver se a globo estava na extensão de lazer, mas ela ignorou e subiu. Eles não queriam e nem pediram para entrar no condomínio, pediram unicamente que pegassem a globo”, afirma Paloma.
No domingo (17), as imagens do marido e do irmão, de pacto com a biomédica, estavam no perfil Mooca Bello Solene. “Alerta. Tentativa de rapina em condomínio na rua Cuiabá. Fiquem atentos, repassem aos condomínios”, trazia trecho da publicação em que aparecem o irmão e o marido de Paloma.
A publicação dizia que os dois simularam que eram do prédio e pediram a uma moradora que abrisse o portão para eles.
Paloma diz que, posteriormente interromper o perfil por mensagem, recebeu a resposta de que o perfil não tem responsabilidade pelas informações e que unicamente publicou relatos e vídeo enviados por um morador do condomínio. O perfil publicou uma retratação, mas depois saiu do ar.
Ela disse que o juvenil foi reconhecido nas imagens porque é espargido no bairro por ser cerimoniário, um tipo de rabi de cerimônias na igreja.
“As pessoas perguntaram a ele o que estava acontecendo e o motivo da criminação de tentativa de rapina. Começou um monte de mensagens no celular da minha mãe. Meu irmão está com pavor de trespassar na rua e suportar alguma retaliação, não sai de lar sozinho, está traumatizado”, afirma Paloma.
A família registrou um boletim de ocorrência por calúnia, porém vê a questão racial uma vez que o fator principal para a criminação e diz procurar um legisperito que possa orientar quais providências podem ser tomadas nesse caso.
“Se eles fossem brancos, eu tenho certeza absoluta de que isso não teria realizado. Alguém teria ido ver se a globo estava lá. Poderiam ter devolvido por cima do portão. Eles não pediram para entrar”, afirma.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirma que o caso foi registrado uma vez que calúnia no 57º DP (Mooca). “As vítimas prestaram prova e foram orientadas quanto à urgência de representação criminal contra os autores da postagem nas redes sociais, por se tratar de um delito de ação penal condicionada”, diz a pasta.
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