(FOLHAPRESS) – A disputa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) pelos votos de Minas Gerais chegou nesta segunda-feira (24) aos transportes públicos.
Enquanto o prefeito de Belo Horizonte, o lulista Fuad Noman (PSD), assinava ato estabelecendo gratuidade no sistema de ônibus no domingo (30), dia do segundo turno, o governador Romeu Zema (Novo), bolsonarista, dizia à Folha de S.Paulo ser contra o poder público tomar tal medida.
O pano de fundo da disputa tem a ver com a abstenção e a tentativa de ganho eleitoral dos dois lados com uma maior ou menor ausência de eleitores na votação.
De acordo com as pesquisas eleitorais, Lula tem maiores índices de intenção de voto entre a população mais pobre, público-alvo das medidas de gratuidade no dia da eleição.
“Votar é direito de todos. E é dever do Estado promover esforços para que esse direito seja garantido. Segundo decisão do STF na ADPF 1013, a PBH [Prefeitura de Belo Horizonte] vai disponibilizar serviço municipal de transporte público coletivo de ônibus de maneira gratuita no domingo (30). Bom voto a todos”, escreveu Fuad em suas redes sociais.
A articulação política para a concessão da medida contou com a participação de coordenadores da campanha de Lula em Minas, entre eles o senador Alexandre Silveira (PSD).
Prefeituras e empresas concessionárias estão autorizadas a oferecer transporte público de forma gratuita para a população no domingo. A decisão é do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a um pedido de esclarecimento da Rede Sustentabilidade.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o governador Romeu Zema afirmou que prefeituras que no dia da eleição tomem medidas que fujam à normalidade estarão adotando uma atitude suspeita.
“Já expressei a minha opinião. É uma decisão municipal, mas a nossa orientação é essa: que se trabalhe na véspera e no dia da eleição como se trabalha o resto do ano. Se alguém está trabalhando diferente, gera suspeita”, afirmou.
Ele negou que esteja pressionando prefeitos a não dar gratuidade no transporte no dia da eleição.
Zema se tornou um dos principais cabos-eleitorais de Bolsonaro neste segundo turno. Com ataques fortes a Lula e ao PT, ele tem prometido a aliados do presidente fazer a eleição virar no estado. No primeiro turno, Lula venceu em Minas com diferença de cinco pontos percentuais.
“A notícia que eu tenho é que ele [Zema] está pedindo aos prefeitos para não ajudar os eleitores a votar, isso é um crime. O eleitor do distrito, da zona rural, de baixa renda, ele precisa da ajuda do poder público para poder exercer a sua cidadania”, afirmou Silveira.
A batalha por votos no estado se tornou prioridade das duas campanhas por reunir o segundo maior eleitorado do país e pelo simbolismo de que desde a redemocratização todos os eleitos também triunfaram nas urnas mineiras.
Além de Belo Horizonte, outras prefeituras já se posicionaram a favor da gratuidade do transporte público. É o caso de Teófilo Otoni, cidade que já recebeu visitas de Lula e deve receber agenda de campanha de Bolsonaro nesta semana, e Ouro Preto, onde o prefeito também já declarou apoio a Lula.
“Muitos não estão indo votar por falta de dinheiro para não pagar a passagem, principalmente quem mora na zona rural, onde não tem transporte perene. Vamos conceder a gratuidade e já estamos informando a Justiça eleitoral”, diz o prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira (PT).
Ele sugere que mais prefeitos viabilizem o transporte gratuito no domingo. “Isso é muito importante para a democracia. No mapa das abstenções, as maiores estão aqui no Vale do Mucuri [região onde fica o município] e Jequitinhonha”, disse.
Já em Montes Claros, no norte de Minas, o prefeito Humberto Souto (Cidadania) diz que a gratuidade não está sob análise até o momento. “Não temos esse hábito. Aqui nunca teve, e não sei se nem temos dinheiro orçamentário para isso”, afirma Souto, que apoia Bolsonaro.
Montes Claros foi palco de comício do presidente da República ao lado de Zema, no dia 18.
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