Nasceram, pela primeira vez, no Reino Unido, bebês gerados com recurso ao material genético de três pessoas.
A informação foi confirmada na quarta-feira pela Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia, que confirmou o nascimento de “menos de cinco bebês” desta forma no Reino Unido, não fornecendo, contudo, mais detalhes. Destaca-se que este é um esforço para evitar que as crianças herdem doenças genéticas raras.
A Associated Press relata que, em 2015, o Reino Unido tornou-se no primeiro país a adotar legislação que regula métodos para ajudar a impedir que mulheres com distúrbios mitocondriais passem defeitos genéticos para os seus bebês, que podem resultar em doenças como distrofia muscular, epilepsia, deficiência intelectual, entre outras.
A técnica usa tecido de óvulos de dadoras saudáveis para criar embriões livres de mutações genéticas nocivas que as mães provavelmente transmitiriam aos filhos.
Segundo o artigo do The Guardian, os embriões assim gerados com esta técnica combinam o material genético do espermatozoide e do óvulo dos pais biológicos com o das mitocôndrias (organelos celulares) saudáveis do óvulo da dadora.
Desta forma, o bebê nascido tem DNA (mais de 99,8%) da mãe e do pai, como sempre, mas também uma pequena quantidade de material genético – cerca de 37 genes – de uma dadora.
A legislação no Reino Unido foi alterada em 2015 para permitir o tratamento de doação mitocondrial, com o Centro de Fertilidade de Newcastle a ser a única unidade no país licenciada para o fazer.
De acordo com o The Guardian, o regulador aprovou este tratamento para pelo menos 30 casos. Na Grã Bretanha todas as mulheres submetidas ao tratamento têm de obter a aprovação da Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia que, para serem elegíveis, não podem ter outras opções disponíveis para evitar a transmissão de doenças genéticas.
O esperma do pai é usado para fertilizar os óvulos da mãe afetada e de uma dadora saudável.
Em seguida, o material genético nuclear do óvulo da dadora é removido e substituído pelo do óvulo fertilizado do casal, que carrega o ADN de ambos os progenitores e as mitocôndrias saudáveis da dadora em vez das mitocôndrias defeituosas da mãe.
Este óvulo é depois transplantado no útero da progenitora.
Segundo estudos, a técnica não é isenta de riscos: um pequeno número de mitocôndrias anormais que inevitavelmente são transferidas do óvulo da mãe para o óvulo da dadora pode multiplicar-se quando o bebê está no útero da progenitora, causando doença na criança.
Em 2016, um médico norte-americano anunciou o nascimento, no México, do primeiro bebé gerado com doação mitocondrial.
Antes do tratamento feito pelo médico, a mãe do bebê teve quatro abortos espontâneos e dois filhos que morreram com oito meses e seis anos.
A mulher tinha mitocôndrias com mutações genéticas que causam a Síndrome de Leigh, uma doença neurodegenerativa hereditária rara que afeta o sistema nervoso central e pode ser fatal.
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