Banco Central decide taxa de juros em meio a ataques de Lula e o que importa no mercado

VICTOR SENA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) O Banco Central divulga nesta quarta-feira a taxa básica de juros, em meio à expectativa do mercado de que ela deve ser mantida em 10,50%. A decisão sai após o presidente Lula voltar a questionar a atuação do chefe da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.

POR QUE IMPORTA

A Selic serve de referência para as outras taxas de juros do mercado. O governo crê que uma queda poderia ajudar a aquecer a atividade econômica.

A taxa também impacta parte dos gastos do governo com juros de sua dívida, formada em momentos de déficit com a venda de títulos do tesouro.

LULA X CAMPOS

O presidente da República afirmou em entrevista à CBN que O chefe do Banco Central “tem lado político” e não demonstra capacidade de autonomia. Ele citou o encontro recente do economista com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Escolhido para o cargo por Jair Bolsonaro, em 2019, Campos Neto sinalizou que aceitaria ser ministro da Fazenda num eventual governo Tarcisio, como revelou a coluna Painel S.A, do jornal Folha de S.Paulo.

“Não é que ele [Campos Neto] encontrou com Tarcísio numa festa. A festa foi para ele, certamente porque o governador está achando maravilhoso a taxa de juros de 10,5%”, disse Lula.

O QUE ESPERAR

O Copom (Comitê de Política Monetária) diminuiu o ritmo de cortes de 0,50 ponto para 0,25 ponto na última reunião, -mas não sem divergência-, e alegou cautela.

A decisão por um novo corte ou manutenção será divulgada às 18h. Na entrevista à CBN, Lula disse que uma decisão por mantê-los juros neste patamar seria “triste”. Na última decisão, o Comitê não sinalizou qual será o movimento de hoje.

O CONTEXTO

O Copom chega a esta quarta-feira com o dólar e as expectativas de inflação em alta. Há dúvidas sobre o futuro das contas do governo, ponto fundamental para a definição dos juros.

Bancos e investidores desconfiam que o governo não vai conseguir gastar menos e aumentar a arrecadação. Nesta segunda, a Fazenda apresentou a Lula opções de ajuste.
Agentes financeiros colocam na conta dessas incertezas a expectativa de inflação e o dólar em alta.

Leia Também: Reforma tributária: 61% da população apoia imposto para reduzir consumo de álcool