Ataques em escolas são reflexo do estímulo ao ódio e às armas, diz ministro da Educação

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Educação, Camilo Santana, disse nesta quarta-feira (12) que os ataques recentes em escolas são reflexos do estímulo ao ódio, violência e armamento presentes na sociedade. Ele defendeu discutir quais medidas podem ser tomadas, mas se colocou contrário à ideia de colocar policiais armados nas escolas. Camilo Santana compareceu na manhã desta quarta na Comissão de Educação da Câmara.

O ministro disse que o país e o mundo passam por um problema sistemático. “Não é um problema simples. O que está acontecendo nas escolas reflete o que está acontecendo na nossa sociedade, de estímulo ao ódio, à violência, ao armamento”, disse. “Armar [seria a solução]? Vamos discutir. Porque os Estados Unidos fizeram isso e pesquisa mostrou que não resolveu. Esse é um problema que precisamos discutir mais profundamente, precisamos fortalecer um grande programa psicossocial.”

Ao argumentar que colocar policiais armados na escolas não resolveria o problema, Santana ressaltou o fato de o ataque em Blumenau (SC), que deixou quatro crianças mortas na semana passada, ocorreu em uma escola particular, que teria condições de colocar guardas privados.

O ministro foi bastante aplaudido ao fim da fala sobre o tema.

O caso de Blumenau ocorreu nove dias após o ataque à escola estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, quando um aluno de 13 anos matou uma professora a facadas e feriu outras cinco pessoas, entre elas três docentes.

Ministro foi chamado à Câmara para tratar do programa federal de escolas cívico-militares, política criada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) e cuja diretoria no MEC (Ministério da Educação) foi extinta nesta gestão.

O ministro foi questionado pelo deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), que defendeu a manutenção dessas escolas e defendeu a presença de agentes armados nas unidades, prevista no modelo, como forma de combate aos ataques. Ele ainda cobrou Camilo por não ter mencionado o tema na sua fala de abertura.

Apesar de extinguir a diretoria de escolas cívico-militares do MEC, a pasta ainda não revogou o decreto que criou essa política. Santana disse que sua equipe avalia o futuro desse tema, sobretudo com relação às escolas já fomentadas, mas ressaltou que isso não faz parte da visão política do governo.

“Esse programa foi criado por decreto, não foi por lei, não passou pelo Congresso, foi criação unilateral do governo passado. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que é lei, no PNE [Plano Nacional de Educação], que é lei, não há nenhuma menção à estratégia de incluir forças armadas na educação básica nesse país.” O projeto prevê que o MEC pague agentes para atuar nas escolas.

Na mesma reunião, o ministro anunciou nesta quarta-feira (12) que o governo Lula (PT) vai editar uma medida provisória para destravar 3.527 obras paradas na área. A gestão prevê um investimento de R$ 6 bilhões.

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