RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O incidente envolvendo Claudia Leitte a troca do nome da orixá Iemanjá para Yeshua, nome de Jesus em algumas religiões cristãs, na música “Caranguejo”, continua repercutindo entre os artistas baianos. Desta vez, foi Daniela Mercury quem se posicionou. A cantora deixou evidente que é contra linchamentos públicos e contra validar qualquer discussão no tribunal da internet. No entanto, ela foi enfática ao declarar: “Arte não é religião, arte é arte. Quando a gente vai trovar, estamos cantando a cultura da nossa cidade.”
Daniela Mercury reforçou sua amizade com a tradutor de “Pensando em Você”. “Sou amiga de Claudia, acho que cada um tem que responder por si e explicar por que sente a urgência de fazer isso. Ela tem o recta de se expressar do jeito dela, porquê ela pensa”, declarou ao PS Notícias, de Salvador.
A cantora continuou: “Tenho uma sensação muito clara de que, quando estamos em cima do palco, estamos fazendo arte. Não estamos necessariamente levando uma mensagem religiosa. Os orixás fazem secção da nossa cultura, assim porquê cantamos o hino do Senhor do Bonfim. Isso é uma questão delicada, subjetiva e também pessoal.”
Claudia Leitte foi acusada de cometer intolerância religiosa em uma representação recebida pelo Ministério Público da Bahia.
A representação classifica a mudança na letra da música porquê uma “conduta difamatória, degradante e discriminatória”. Ela foi apresentada pelo jurisconsulto Hédio Silva Jr., coordenador-executivo do Instituto de Resguardo dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), e por Jaciara Ribeiro, sacerdotisa do terreiro Ilê Axé Abassa de Ogum.
O Ministério Público agendou uma audiência pública sobre o caso para o dia 27 de janeiro. Caso o MP considere pertinente, a presença dos compositores de “Caranguejo” também poderá ser solicitada.
No dia 19, foi instaurado um questionário social para investigar Claudia Leitte por supostamente cometer intolerância religiosa. A informação foi confirmada à Folha pela promotora Lívia Sant’Anna Vaz, representante da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa. Procurada, a assessoria de prensa de Claudia Leitte não comentou o caso.
Por término, Daniela Mercury destacou a prestígio da luta pela tolerância religiosa em um país democrático. “Acho que é importante que a sociedade discuta o que pensa, o que acha, com saudação, porque temos liberdade de sentença. Mas também é importante lembrar que isso é um tanto bastante quebrável, considerando toda uma história de exclusão, de invisibilidade e da invasão dos terreiros”, frisou.