Após perder o pai para Covid, jovem transforma luto em solidariedade no Sergipe

Um jovem de Aracaju, no Estado de Sergipe, transformou a dor em solidariedade. O choque sofrido pela morte do pai, vítima da covid-19, foi tão grande que fez Saulo Noya, de 23 anos, repensar a vida e planejar novas atitudes.

O jovem trancou a matrícula na faculdade de medicina que cursava em uma universidade privada e resolveu investir em algo que unisse rentabilidade, solidariedade e higiene mental. Montou, então, uma loja de bolos e reverte parte dos lucros para ações sociais.

Entre doações de marmitas e sopas para moradores de rua, a ação produz e entrega cerca de 100 refeições por mês. A ideia de montar a loja, conta Saulo, é acrescentar na imagem da empresa ou do empresário uma postura mais humanizada.

“Eu quis fundar essa empresa que possui um projeto social com objetivo de, além de ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade, inspirar outros empresários. Se todas as empresas brasileiras tivessem um projeto social interno dava para construir um futuro bacana para o Brasil”, disse.

O jovem reverte parte do lucro dos bolos e doces em ações solidárias. O trabalho começou há seis meses e produz cerca de 100 marmitas por mês.

Saulo Noya cozinha os alimentos e sai pelas ruas de Aracaju todas as segundas-feiras. Ele explicou que a relação que teve com pai lhe ensinou muito sobre solidariedade.

“Aprendi bastante com meu pai. Uma frase que ele sempre me dizia era: ‘Se for para fazer algo, tem que bem fazer feito’. Isso eu levo para tudo na minha vida e até no meu trabalho. Depois que atingiu altas patentes no Exército, ele passou a ser um homem com uma condição financeira muito boa, mas nunca deixou de ajudar as pessoas. É uma inspiração para mim”, explicou.

Na concepção da ideia de um comércio solidário, o empresário considerou que não seria sacrifício se cada empresa doasse 1% de seus faturamentos para ações sociais.

“A situação da pandemia me mostrou que, enquanto havia 500 mil mortos, centenas de empresas pelo Brasil estavam lucrando horrores. Por exemplo, 0,001% já faria uma gigantesca diferença se fosse aplicado em algum projeto. Então, eu tirei a ideia do papel. Já que eu não via ninguém fazer isso, resolvi eu mesmo fazer”, argumentou.

Para manter as doações semanalmente, além de sua própria contribuição, Saulo Noya aceita doações de frutas e verduras. “Como tive mais popularidade no Instagram, vou aumentar a demanda e precisar de mais pessoas provavelmente. Com a ajuda extra, espero poder distribuir 300 marmitas por mês”, continuou.

O comerciante Alysson Luiz é um cliente e apoiador das ações de Saulo. Para ele, é gratificante poder ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade. “Ele faz as doações sempre e me chamou para ajudar nas entregas. Faz um trabalho ótimo com alimento e roupas. Priorizar o pessoal de rua é uma demonstração linda da sensibilidade que todo brasileiro deveria ter”, ressaltou.

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Fotos: Arquivo pessoal

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